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Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

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médio se fun<strong>de</strong>m, ao tentar exprimir o pensamento fragmentado e lento do sertanejo<br />

em relação ao que fazer com o sol<strong>da</strong>do. Por fim, este liberta o sol<strong>da</strong>do sem<br />

machucá-lo, porque respeita sua posição <strong>de</strong> representante do Estado.<br />

A seguir, Fabiano mata Baleia (seqüência que será abor<strong>da</strong><strong>da</strong> neste trabalho<br />

<strong>de</strong> forma mais abrangente num próximo momento) e os cangaceiros reaparecem.<br />

A última toma<strong>da</strong> do filme mostra a família em plano médio voltando a an<strong>da</strong>r<br />

em busca <strong>de</strong> um novo lugar, agora o Sul. Num plano geral, o sertão é mostrado, e<br />

pouco a pouco a família vai se misturando à paisagem, filma<strong>da</strong> agora num plano <strong>de</strong><br />

conjunto, e sumindo lentamente, ao som do carro <strong>de</strong> boi. A seguir, aparecem as três<br />

últimas frases que encerram a obra <strong>liter</strong>ária: “E o sertão man<strong>da</strong>ria para a ci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

homens fortes, brutos, como Fabiano, sinha Vitória e os dois meninos” (RAMOS,<br />

2000, p.128), num claro diálogo com a mesma, e a <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> 1942.<br />

Este sucinto relato <strong>da</strong> narrativa fílmica <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>s Secas mostra que a intenção<br />

primordial do cineasta Nélson Pereira era mostrar a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> sertaneja. A<br />

<strong>de</strong>cupagem privilegia cenas diretas, rígi<strong>da</strong>s, e a <strong>montagem</strong> é feita, basicamente, em<br />

cima <strong>de</strong> cortes secos. As toma<strong>da</strong>s são feitas praticamente em planos médios ou<br />

americanos, afastando o espectador. Somente algumas cenas se utilizam do<br />

primeiro plano, o <strong>da</strong> intimi<strong>da</strong><strong>de</strong>, já que a intenção do cineasta era <strong>de</strong> mostrar a<br />

condição <strong>da</strong> família, sem que para isso laços afetivos fossem criados. Outros<br />

recursos que <strong>da</strong>riam mais beleza as cenas, como plongés, contre-plongés,<br />

travellings, campos e contra-campos, <strong>de</strong>ntre outros, são praticamente inexistentes<br />

na diegese.<br />

Os poucos sons que compõem a narrativa são na sua maioria diegéticos,<br />

como o ruído estri<strong>de</strong>nte do carro <strong>de</strong> boi, ou o tilintar do sino <strong>da</strong>s vacas. Uma<br />

consi<strong>de</strong>ração importante em relação à sonoplastia é o jogo que se faz entre o som<br />

diegético do carro <strong>de</strong> boi, que entra em cena <strong>de</strong> modo selvagem, <strong>de</strong>monstrando o<br />

primitivismo em que viviam os personagens, e logo se confun<strong>de</strong> com o barulho<br />

também estri<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> um violino, elemento não-diegético, colocado<br />

intencionalmente para <strong>de</strong>monstrar o abismo social que existia entre o patrão e o<br />

sertanejo, o grupo do po<strong>de</strong>r econômico e o dos sem-po<strong>de</strong>r (SANT’ANA, 1973,<br />

p.157). O cineasta Nélson Pereira não busca a catarse do espectador, por isso<br />

dispensa os elementos não-diegéticos:<br />

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