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Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

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A obra escrita, quando filma<strong>da</strong>, admite uma série <strong>de</strong> inserções, <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong><br />

câmera e luz, que a tornam mais objetiva. Numa única cena filma<strong>da</strong>, o olho humano<br />

é capaz <strong>de</strong> perceber várias mensagens embuti<strong>da</strong>s, só precisando <strong>de</strong> uma fração <strong>de</strong><br />

segundos para tal. A câmera funciona, portanto, como o olho do espectador,<br />

apresentando a ele uma imagem já pronta, imediata, ao contrário <strong>da</strong> imagem<br />

<strong>liter</strong>ária, que se constrói aos poucos, por meio do avanço <strong>da</strong> leitura. Seria, portanto,<br />

<strong>de</strong> acordo com Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Abreu <strong>de</strong> Oliveira, o cinema que aproximaria o<br />

homem do sonho <strong>da</strong> imagem total, na busca <strong>da</strong> recuperação <strong>da</strong> forma integral, na<br />

busca narcisística <strong>de</strong> sua imagem:<br />

Aju<strong>da</strong>do <strong>pel</strong>a máquina, perscruta o universo, estica olhos curiosos,<br />

<strong>de</strong>compõe e recompõe o mundo. O olho <strong>da</strong> televisão e o olho do cinema<br />

tornaram-se extensões dos órgãos visuais. De olhos armados, ele recupera<br />

a figura humana estilhaça<strong>da</strong> <strong>pel</strong>os caminhos e <strong>de</strong>scaminhos <strong>de</strong> seu<br />

percurso (2004, p. 24).<br />

A reflexão sobre a transposição <strong>liter</strong>ária leva, fatalmente, a uma discussão<br />

mais prática do que filosófica: a questão <strong>da</strong> fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta importante discussão<br />

será posteriormente retoma<strong>da</strong>, em um momento <strong>de</strong>ste trabalho, mais precisamente<br />

em 3.4.1 A questão <strong>da</strong> fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> na transposição <strong>de</strong> Vi<strong>da</strong>s secas.<br />

A a<strong>da</strong>ptação cinematográfica <strong>de</strong> uma obra tem como marco inicial a leitura<br />

que o cineasta faz <strong>da</strong> mesma. Ele relê a obra a seu modo, sem que um pacto <strong>de</strong><br />

fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>liter</strong>al com o autor <strong>da</strong> mesma seja travado, e atribui a ela conceitos e<br />

juízos particulares. E, ao tentar a<strong>da</strong>ptar o que leu para as telas, é obrigado a<br />

transpô-lo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, isto é, <strong>de</strong> acordo com o fato <strong>de</strong> que o cinema e<br />

a <strong>liter</strong>atura são dois meios únicos, on<strong>de</strong> diferenças essenciais impe<strong>de</strong>m<br />

comparações. A <strong>liter</strong>atura permite explorações que o cinema não. E vice-versa:<br />

Em caso <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, esta constituirá, ao abrigo <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> textual,<br />

o que o realizador julgará ser uma transposição intersemiótica fiel do que<br />

leu, entendido sob o seu ponto <strong>de</strong> vista individual e pessoal. Um texto<br />

nunca está dito <strong>de</strong> uma vez por to<strong>da</strong>s. São, por essa razão, muitos os<br />

exemplos <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptações cinematográficas que ilustram precisamente<br />

concretizações diferi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> uma mesma obra <strong>liter</strong>ária, sem que ca<strong>da</strong> uma<br />

<strong>de</strong>ssas transposições semióticas <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> representar, para quem as<br />

realizou, uma fiel conversão em produto cinematográfico do que se leu<br />

(LEONE; MOURÃO, 1997, p. 60).<br />

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