Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...
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sol<strong>da</strong>do amarelo representa a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> governamental, e Fabiano aceita jogar por<br />
este motivo: o sol<strong>da</strong>do era autori<strong>da</strong><strong>de</strong>, man<strong>da</strong>va, e merecia respeito.<br />
Fabiano per<strong>de</strong> dinheiro no jogo, sai furioso, e não aten<strong>de</strong> quando o sol<strong>da</strong>do<br />
amarelo lhe or<strong>de</strong>na que fique. Ao sair <strong>da</strong> bo<strong>de</strong>ga, o vaqueiro achava que seu único<br />
problema seria explicar a sinha Vitória o que tinha acontecido com o dinheiro, até<br />
que é abor<strong>da</strong>do <strong>pel</strong>o sol<strong>da</strong>do amarelo, que o provoca, insulta, e agri<strong>de</strong>, buscando<br />
pretextos para prendê-lo.<br />
À luz do marxismo, o sol<strong>da</strong>do representa o abuso gratuito <strong>da</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
Quando o sol<strong>da</strong>do consegue que Fabiano o <strong>de</strong>sacate, chama o grupamento e<br />
pren<strong>de</strong> o vaqueiro.<br />
Na ca<strong>de</strong>ia, Fabiano recebe uma acusação que não compreen<strong>de</strong>, é agredido e<br />
enclausurado. Tentando enten<strong>de</strong>r sua situação, percebe-se como um pai <strong>de</strong> família,<br />
e crê que, ao ter man<strong>da</strong>do prendê-lo, o sol<strong>da</strong>do provavelmente o confundira com<br />
outro homem.<br />
O vaqueiro acreditava no Governo, e por este motivo não consegue relacioná-<br />
lo ao sol<strong>da</strong>do amarelo. Para ele o po<strong>de</strong>r constituído era perfeito, sem erros. Nesta<br />
situação, ele se lembra <strong>de</strong> colegas que foram presos <strong>pel</strong>a polícia, e que diziam que<br />
apanhar <strong>de</strong> autori<strong>da</strong><strong>de</strong> não era <strong>de</strong>sfeita, mas se sente injustiçado, não merecia<br />
aquele castigo. O sol<strong>da</strong>do amarelo seria, portanto, sob a ótica <strong>de</strong> Fabiano, uma<br />
mancha no governo.<br />
O personagem novamente se sente inferiorizado por não ter estudo, não<br />
conseguir se expressar. Para Fabiano, as palavras eram inúteis e perigosas. Não<br />
conseguia enten<strong>de</strong>r porque tinha sido preso, e muito menos conseguiu se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
no momento <strong>da</strong> prisão. Sentia-se novamente vítima <strong>da</strong> violência e <strong>da</strong> injustiça, e<br />
pensou que se não fosse a família, mataria o sol<strong>da</strong>do amarelo, que espancava<br />
criaturas inofensivas, e também mataria os homens que o dirigiam.<br />
É possível que Fabiano, com estes pensamentos, tentasse indiretamente<br />
proteger seus filhos <strong>de</strong> possíveis injustiças no futuro, <strong>da</strong> influência do meio, pois não<br />
era possível imaginar para os mesmos <strong>de</strong>stinos muito diferentes do seu: “Os<br />
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guar<strong>da</strong>riam as reses <strong>de</strong><br />
um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um sol<strong>da</strong>do<br />
amarelo” (RAMOS, 2000, p, 38).<br />
Na cena <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> prisão, percebe-se ain<strong>da</strong> outras figuras do po<strong>de</strong>r<br />
público, inseri<strong>da</strong>s no contexto a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar o total abandono do oprimido.<br />
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