Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...
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quais protagonizam ações, situando-se num <strong>de</strong>terminado espaço e num<br />
<strong>da</strong>do momento na linha do tempo diegético (METZ, 1972, p112).<br />
Na passagem do hipotexto ao hipertexto, dois acontecimentos foram<br />
adicionados à narrativa. O primeiro diz respeito ao grupo <strong>de</strong> cangaceiros, que<br />
aparece em cena duas vezes, sem nenhuma explicação prévia a respeito dos<br />
mesmos. A inserção do cangaço é bem subjetiva. Porém, numa análise mais<br />
cui<strong>da</strong>dosa, basea<strong>da</strong> no significado do cangaceiro no Nor<strong>de</strong>ste, percebe-se que a<br />
mesma tem a intenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar o po<strong>de</strong>r paralelo que atuava no local. Fabiano<br />
temia o sol<strong>da</strong>do amarelo e o fazen<strong>de</strong>iro. Contudo, seus opressores temiam a força<br />
do cangaço.<br />
A festa do bumba-meu-boi também só aparece no hipertexto. O boi tem com<br />
a família uma ligação bastante significativa. É do trabalho com o gado que Fabiano<br />
consegue sustentar a família, e é a carne salga<strong>da</strong> do mesmo que a alimenta. É o<br />
animal o responsável <strong>pel</strong>o reencontro <strong>de</strong> Fabiano com o sol<strong>da</strong>do amarelo, quando o<br />
sertanejo vai em busca <strong>de</strong> uma vaca fugi<strong>da</strong> em meio à caatinga. Além disso, é o<br />
som do carro <strong>de</strong> boi que marca a presença dos sertanejos nas cenas e os insere na<br />
narrativa, já que vai <strong>da</strong> posição não-diegética à diegética, conforme os mesmos<br />
a<strong>de</strong>ntram na história.<br />
O bumba-meu-boi é uma tradição <strong>da</strong>s regiões Norte e Nor<strong>de</strong>ste, e é<br />
inspirando numa historia envolvendo um boi mágico, capaz até <strong>de</strong> <strong>da</strong>nçar, uma<br />
grávi<strong>da</strong> e um sertanejo. Esta festa resgata a história <strong>da</strong>s relações socioeconômicas<br />
do período colonial, marcado <strong>pel</strong>a monocultura, a criação extensiva <strong>de</strong> gado e a<br />
escravidão:<br />
A valorização do boi reflete [...] o inconsciente coletivo, preso ao que<br />
consi<strong>de</strong>ra forças vitais [...] o boi é a própria participação do homem no<br />
trabalho cotidiano nas zonas <strong>de</strong> gado, é visto por ele quase como um<br />
prolongamento seu, como quem comunica através do aboio (AGUIAR et<br />
al., 2003, p. 53).<br />
Na a<strong>da</strong>ptação <strong>de</strong> Nélson Pereira, um personagem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância na<br />
narrativa <strong>liter</strong>ária não aparece fisicamente, só é mencionado <strong>pel</strong>os personagens em<br />
várias passagens. A figura <strong>de</strong> Tomás <strong>da</strong> bolan<strong>de</strong>ira não per<strong>de</strong> sua importância na<br />
narrativa, continua representando as aspirações <strong>de</strong> valores <strong>da</strong> família, culturais para<br />
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