Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

movimentos contrários ao governo. Em resposta a esta ação do governo, a Aliança
Nacional Libertadora (ANL) promove um movimento que tinha como bandeira “Pão,
terra e liberdade”, baseada nos ideais de extrema esquerda da Internacional
Comunista (BRAYNER, 1978, p. 100).
Na esteira da Revolução, cresceram também movimentos de direita, ligados
ao fascismo e ao nazismo, sendo o principal deles a Ação Integralista Brasileira,
fundada por Plínio Salgado, que também liderava o grupo modernista batizado de
Verde-amarelo. Estes grupos eram a favor do combate ao comunismo, e de uma
democracia de base liberal.
Em resposta ao movimento da ANL, que chegou a ter 500 mil simpatizantes,
o presidente Getúlio Vargas decretou Estado de Sítio, atitude apoiada pelos
integralistas, cancelando as eleições presidenciais e dissolvendo o Congresso. Esta
decisão levou à prisão muitos dos envolvidos no movimento de esquerda, também
prendendo e torturando inocentes.
Graciliano Ramos foi preso, sob a acusação de comunismo, em sua casa, por
volta das 19:00 horas do dia 03 de março de 1936 (LEITÃO, 2003, p. 51). A prisão
do autor foi decretada pelo General Newton Cavalcanti, amigo próximo de Plínio
Salgado, que como o integralista, queria “salvar” o Brasil do comunismo.
Os pretextos para a prisão podem ser assim definidos: o autor possuía uma
opinião sarcástica e corrosiva sobre os tenentes e a Revolução de 30; simpatias, nas
idéias, pelo comunismo; seus dois filhos mais velhos, estudantes, eram militantes da
Juventude Comunista; desobrigara o hino de Alagoas nas escolas públicas;
publicara dois romances pouco edificantes (Caetés e São Bernardo) para os
critérios reacionários; ironizava o integralismo; contrariara muitos interesses fortes,
de militares e das oligarquias, tentando impedir o favoritismo e o nepotismo nas
escolas; convivia com um grupo de intelectuais dentre os quais alguns eram de
esquerda.
Era, portanto, um homem “extremamente perigoso”, cuja liberdade constituía
“um risco imediato para a segurança do Estado” (GARBUGLIO et al., 1987, p. 65),
sendo por isso preso. O autor foi levado para prisões de Alagoas, além do Recife e
do Rio de Janeiro.
Ele sofreu humilhações de todo o tipo nas cadeias sujas, onde os presos se
amontoavam entre gemidos e moscas. Na obra Memórias do cárcere (1953), de
publicação póstuma, o autor narra a realidade cruel do tempo em que esteve preso.
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