16.04.2013 Views

Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

Papel e pel-355cula da montagem liter-341ria - Centro de Ensino ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

manifestos os pensamentos quanto as lembranças, fazendo visíveis as<br />

coisas invisíveis, produzindo sobre a tela diferentes efeitos visuais,<br />

i<strong>de</strong>ntificando-se com a alma do cineasta, permitindo-lhe criar no filme, seu<br />

estilo pessoal (2004, p. 27).<br />

3.4.2 Baleia - do <strong>liter</strong>ário ao cinematográfico e vice-versa<br />

O conto Baleia foi inspirado num cachorro do avô <strong>de</strong> Graciliano Ramos, e foi a<br />

primeira obra produzi<strong>da</strong> <strong>pel</strong>o autor no Rio <strong>de</strong> janeiro. Com um nome bastante<br />

curioso, ligado ao folclore brasileiro e a crença <strong>de</strong> que ao se colocar em cães nomes<br />

relacionados a água ten<strong>de</strong>-se a evitar que os mesmos contraiam hidrofobia, já que<br />

por conta <strong>de</strong>stes nomes peculiares eles estariam habituados a água, a personagem,<br />

batiza<strong>da</strong> <strong>de</strong> Baleia, era uma criatura <strong>de</strong>cente, nas palavras do próprio Graciliano,<br />

“porque na vizinhança não existiam galãs caninos” (GARBUGLIO et al.,1987, p.<br />

104).<br />

A cachorra era dota<strong>da</strong> <strong>de</strong> várias virtu<strong>de</strong>s, o que fazia <strong>de</strong>la parte importante na<br />

estrutura familiar. No hipotexto ela não é trata<strong>da</strong> com um animal, mas como um ser<br />

humano, que raciocina e tem sentimentos <strong>de</strong> amor e soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong><strong>de</strong> por to<strong>da</strong> a<br />

família. Foi Baleia quem salvou a família <strong>da</strong> fome em uma ocasião, ao caçar um<br />

preá, do qual só lhe restou os ossos.<br />

Os troços minguados ajuntavam-se no chão: a espingar<strong>da</strong> <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>rneira, o<br />

aió, a cuia <strong>de</strong> água e o baú <strong>de</strong> folha pinta<strong>da</strong>. A fogueira estalava. O preá<br />

chiava em cima <strong>da</strong>s brasas.<br />

Baleia agitava o rabo, olhando as brasas. E como não podia ocupar-se<br />

<strong>da</strong>quelas coisas, esperava com paciência a hora <strong>de</strong> mastigar ossos.<br />

Depois iria dormir (RAMOS, 2000, p.16).<br />

To<strong>da</strong> a percepção no romance relaciona<strong>da</strong> aos pensamentos <strong>de</strong> Baleia é<br />

garanti<strong>da</strong> <strong>pel</strong>o uso do discurso indireto livre, em junção com a onisciência. O que<br />

permite que o leitor “ausculte” e penetre no mundo íntimo do animal.<br />

O tipo <strong>de</strong> narração utiliza<strong>da</strong> no hipotexto po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado, portanto, a<br />

chave-mestra na composição do capítulo Baleia. Somente com a utilização do<br />

discurso indireto livre, o autor pô<strong>de</strong> <strong>da</strong>r voz a uma cachorra, fazendo com que o<br />

leitor se questione ao ler a obra sobre o que difere Baleia <strong>de</strong> Fabiano, já que o ser<br />

humano representado por Fabiano é bestializado. A cachorra, por sua vez,<br />

apresenta capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> raciocínio, <strong>de</strong> organização <strong>de</strong> consciência, e no momento<br />

<strong>de</strong> sua morte apresenta uma notável concatenação <strong>de</strong> pensamentos.<br />

80

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!