Revista nº 101 (A) - IGHB

Acionando os interventores estaduais nordestinos, o presidente
Vargas extinguiu a figura bizarra do “coiteiro”, protetor
e provedor do apoio logístico ao cangaço, a partir do
século anterior, que não sobreviveu à perseguição implacável
das volantes, em plena caatinga dos sertões, daí para
frente.
Nas fronteiras internacionais a atuação do presidente e
ditador brasileiro foi soberana e contribuiu decisivamente
para sua ocupação cultural, econômica e física, desde o
extremo sul (limites com o Uruguai e a Argentina), construindo
ramais ferroviários, aquartelamentos e vilas militares
para oficiais e sargentos, até o extremo norte, por
intermédio da posse política da Amazônia legal, passando
por Mato Grosso, onde a faixa lindeira com o Paraguai
estava na “penumbra”, segundo o escritor Hildebrando
Campestrini. Ao neutralizar o secular latifúndio da poderosa
multinacional Mate Laranjeira, construiu e reativou quartéis
ao longo da linha divisória (incluindo o histórico Forte
de Coimbra), instalou a base naval de Ladário, além de
fundar colônias agrícolas, povoar os espaços vazios com
brasileiros oriundos do Nordeste e sobretudo implantar
extensas estradas de ferro de penetração, nacionalizando o
Pantanal até o sopé dos Andes.
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* * *
Os tempos haviam mudado e o incansável e hábil
governante de formação positivista não pôde reunir ao seu
redor uma maioria sólida. Teve de enfrentar ativa oposição
representada pela União Democrática Nacional (UDN),
culminando com a tentativa de assassinato do radical líder
jornalista Carlos Lacerda, provavelmente por integrantes
de sua guarda pessoal, chefiada pelo “tenente” de cor negra
Gregório Fortunato – mais tarde assassinado na prisão –
resultando na morte a bala do major da Aeronáutica Rubens
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 95-110, 2006