Revista nº 101 (A) - IGHB

centro do aparelho e dando voltas a uma máquina, pelo
que, as asas, adequadamente dispostas, batam no ar ao
modo de um pássaro que voa”.
Primeiras teorias
Quem, pela primeira vez, contudo, explicaria teoricamente
as leis aerodinâmicas, quase no mesmo momento
em que Pedro Álvares Cabral chegava ao Brasil, seria o
artista e engenheiro Leonardo da Vinci, afirmando que o
ar podia ser comprimido ou dilatado. Em 1505, observando
uma ave de rapina a levantar vôo e a subir voando em
círculo sem bater asas e a pairar no ar, posicionando-se
contra o vento a cada volta, ele descobriu o princípio básico
do que hoje conhecemos como aerodinâmica, ou seja, a
ação do ar em movimento a elevar um corpo com um plano
inclinado segundo um ângulo que lhe dá sustentação, isto
é, uma força vertical de baixo para cima. Escreveu que essa
força – “poder” – seria igual, estando o pássaro parado
contra o vento ou o ar parado contra o pássaro a deslocarse,
se a velocidade de um ou outro fosse a mesma.
Desse conceito, surgiria no século XIX a palavra “aeroplano”,
para designar o plano gerado pela corda do perfil
da asa em suas posições adjacentes, ao longo de toda a
envergadura e que, atacando o ar, segundo um ângulo
conveniente, promove a sustentação dessa asa, ou seja, o
seu vôo. Nada mais natural do que transferir esse nome ao
aparelho voador construído com a asa nessa posição.
Leonardo estudou esse ângulo de ataque, essa inclinação
da asa das aves em relação à linha de vôo, assim como o
seu perfil, verificando ser isso responsável pela criação de
uma área de maior pressão sob ela, impulsionando-a,
também, para cima. Escreveu ele:
“O vôo dos pássaros em migração é feito contra o
movimento do vento não para que o movimento deles seja
mais rápido, mas porque é menos cansativo assim. E isto é
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Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 19-38, 2006