Revista nº 101 (A) - IGHB

Penaud, contudo, Dumont adotou células biplanas na
estrutura da asa e do nariz, desconsiderando a asa monoplana
do planóforo, que imitava a dos pássaros.
Logo após, Lord Raleigh declarava: “O modelo de
Penaud é o pai das máquinas voadoras”. Depois, esse jovem
ainda faria um outro aparelho que batia asas, como um
pássaro, chamando-o de “ornitóptère”. Foram experiências
bem sucedidas, mas tão somente em pequenos modelos,
lançados a mão para o ar, graças aos quais Penaud é ainda
hoje considerado “pai do aeromodelismo”. Foi para o vôo
aerodinâmico o que Bartholomeu Lourenço foi para o “vôo”
aerostático, embora, assim inventando o planador, não
inventasse o avião, faltando ao seu aparelho o porte para
suportar um homem e a indispensável característica de
correr no solo e decolar.
No ano em que morreria Penaud, aos trinta anos, em
1880, Tatin faria voar no Parc de Chalais-Meudon, um aeromodelo
de 1,90 m de envergadura, pesando 1,8 kg. Pichancourt,
D’Amecourt, Hargrave e Langley experimentaram o
vôo de modelos com tração a elástico, com diversas formas
de asa e tipos de hélice. Em 1896, Langley, nos Estados
Unidos, chegou a realizar um vôo de um minuto e meio com
seu modelo nº 5, percorrendo mais de um quilômetro. Em
Paris, o clima era tal, que o Aéro-Club de France promoveu
um concurso na Galerie des Machines para os que faziam
esses modelos. Não se tem registro de que Alberto Santos-
Dumont esteve nesse evento. Embora já morasse em Paris
desde 1892 e praticasse a aerostação – seu primeiro balão, o
Brasil, subiria em 1898 – não demonstrava, então, maior
interesse pelo “mais-pesado-que-o-ar”.
Enquanto vários proto-aeronautas estudavam e praticavam
com “papagaios” tracionados por fios e experimentavam
com aeromodelos, utilizando motor de material elástico
torcido, crescia o número dos que tentavam o vôo do homem
em planadores sem motor, explorando apenas a ação
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 19-38, 2006
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