Revista nº 101 (A) - IGHB

Concluída a tela e emoldurada, encomendou o ofertante
ao ouvires Miguel Russo um cartão de ouro, de 12x8 centímetros,
no qual fez gravar o oferecimento da tela ao Senado
Federal.
Nessa altura, entretanto, com surpresa sua, o presidente
do Senado tergiversou, e o ofertante teve de retirar a oferta,
do que deu ciência pessoal a Rui Barbosa, que na ocasião
lhe ofereceu um exemplar da edição castelhana da conferência
que pouco antes havia proferido em Buenos Aires(doc.
anexo).
Em 1918, grande ano da celebração do Jubileu Cívico
de Rui, o Dr. Miguel Nogueira encontrou-se no Rio de
Janeiro com Anatólio Valadares, representante da revista
Bahia Ilustrada, que, sabedor do incidente do Senado,
sugeriu ofertasse o retrato a óleo de Rui Barbosa ao IGHB,
onde, segundo Anatólio, nenhum havia. O Dr. Miguel Nogueira
aceitou a sugestão e entregou-lhe a tela, com o cartão
de ouro.
Esses pormenores estão narrados pelo Dr. Miguel
Nogueira no seu livro Erros da República (São Paulo, 1925,
Editora Monteiro Lobato – pag. 83/100).
Em fins de 1919, esteve Rui na Bahia durante dois meses
para a campanha de sucessão estadual e em visita ao IGHB
viu e admirou o seu belo retrato a óleo, mas não viu o cartão
de ouro. Este tinha sido furtado, segundo o Dr. Bernardino
de Sousa, Secretário Perpétuo da Casa, comunicou ao Dr.
Miguel Nogueira, acrescentando que seria ele substituído
devidamente (Cf. Obra e doc. cit.).
O Jornal A Tarde, de 5 de março de 1923, deu a seguinte
notícia sobre a origem da tela de Rui que, embora
incompleta, abaixo transcrevo:
318
“Pertence ao Instituto Histórico o velho retrato
a óleo do Cons. Rui Barbosa, existente na Bahia:
uma obra soberba de quase dois metros de altura,
tamanho natural, feito pelo pintor brasileiro Lucílio
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 315-318, 2006