Revista nº 101 (A) - IGHB

compatibilizava-o com o espírito da época e com o pensamento
dos escritores coevos: Hugo, Dumas, George Sand,
Balzac e outros. Poeta pouco compreendido em sua época,
sua vida misteriosa deu margem a muitos comentários e
juízos a respeito da intensidade de um amor que o
consumia.O fato concreto é que não permaneceu no Convento
de São Bento, tendo solicitado sua dispensa e se secularizado.
Tudo faz crer que, além da saúde precária, Junqueira
Freire não possuía vocação religiosa, o que o levou a abandonar
o Convento de São Bento. Nele ingressara cheio de
dúvidas e hesitações, a 9 de fevereiro de 1851, tendo
professado a 29 de março de 1852, observando rigorosamente
a Regra beneditina.
Convém observar que os costumes monásticos da época
eram objeto de muitas críticas na cidade, havendo frades
que apenas dormiam nos Mosteiros, sendo que outros tantos
viviam afastados dos seus Claustros, residindo em casas de
aluguel.
Apesar de desencantado com a vida conventual, o poeta
insistiu na sua permanência no claustro, experimentando
terrível angustia diante da indecisão que o atormentava.
Mesmo assim, foi amortalhado no hábito beneditino com o
nome de Frei Luiz de Santa Escolástica Junqueira Freire,
em homenagem ao parente que o batizara e, àquela época,
era a figura mais respeitável da Ordem Beneditina na Bahia.
Cedo revelou ao amigo e confidente, Dr. Odorico Octávio
Odilon – “Sabes? Troquei o meu Breviário pelo Voltaire”.
Inadaptado à vida do Mosteiro, deixava extravasar nos
versos que compunha as vacilações da própria crença, que
acabou por perder. Conselhos médicos decorrentes do
agravamento de sua saúde levaram-no a afastar-se do
convento, a fim de buscar melhora em Monte Serrat, onde
esteve na dependência da Ordem nos meses de novembro e
dezembro de 1852. Ali foi para repousar e dali voltou ao
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 231-240, 2006
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