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Revista nº 101 (A) - IGHB

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despejar nas ilhas francesas mercadorias indianas prejudicando<br />

assim as manufacturas francesas. Seria conveniente<br />

interditar aos associados a introdução nas colónias de “tout<br />

autre objet que celui des noirs”… E o Sr. Bourgeois de<br />

Boynes conclui então o seu parecer dizendo que “tomadas<br />

essas precauções, o projecto de Sr. Cantofer parece-lhe<br />

muito útil e digno da protecção que aquele negociante<br />

deseja”.<br />

Outra, porém, é a visão que o Secretário de Estado<br />

d’Aiguillon vai expressar sobre todo este negócio. Analisando<br />

friamente a proposta, não tem dúvidas em a recusar,<br />

baseado em vários motivos, o primeiro dos quais é a negativa<br />

formal da cedência de navios de guerra para tal operação<br />

e, em seguida, a dúvida, bem fundamentada, de que os<br />

armadores franceses se dispusessem a associar-se a uma<br />

empresa destinada a realizar-se em local tão distante dos<br />

portos e das colónias francesas.<br />

Em segundo lugar, o duque d’Aiguillon conclui, da<br />

leitura atenta do projecto, que o negócio principal, visado<br />

por Luís Cantofer, não é o tráfico de escravos, do qual os<br />

franceses receberiam um terço dos lucros líquidos, mas sim<br />

o comércio combinado entre a Índia e os portos europeus,<br />

franceses ou portugueses, e esse seria tão-somente para<br />

benefício do proponente, até porque, embora Cantofer no<br />

artigo 8.º do plano sugira a eventual conveniência de reunir<br />

os dois comércios, tal não seria possível por impedimentos<br />

do lado francês.<br />

Para d’Aiguillon, “le vrai secret des spéculations de M.<br />

Cantofer” seria o seu rendoso comércio com a Índia, graças<br />

aos privilégios que a Corte de Lisboa lhe concedia, ao qual<br />

acrescentaria o benefício produzido pelos produtos<br />

franceses, isentos de direitos nos portos portugueses, e ainda<br />

– temor maior do Ministro francês – à sombra de “quelques<br />

Noirs”, introduzir nas colónias francesas os artigos indianos<br />

com que habitualmente negociava.<br />

Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. <strong>101</strong>, p. 212-230, 2006<br />

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