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Revista nº 101 (A) - IGHB

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Freire há mais de sessenta anos, “a voz da própria Bahia,<br />

mãe de todos os brasileiros que lutam pela cultura, pelas<br />

liberdades e pelas tradições verdadeiramente cívicas”, porque<br />

esta é “a cidade, a civilização, a cultura mais maternal<br />

do Brasil; a mais acolhedora, a mais protectora dos intelectuais,<br />

dos artistas, dos homens da ciência alongados em<br />

humanistas que lutam por um Brasil melhor sem sacrifício<br />

do Brasil de sempre”. E o Brasil de sempre está verdadeiramente<br />

aqui, no seu mistério e na sua magia, na tradição<br />

sempre viva das suas ruas e das sua ladeiras, no céu limpo,<br />

lavado, transparente a fundir-se com o mar da Bahia de<br />

Todos os Santos, ou como lembra Fernando Luis da Fonseca,<br />

“de todos os santos e de todos os pecados”. Só aqui era<br />

possível que decorresse a livre adolescência de um Jorge<br />

Amado, em quem um notabilíssimo Jesuita – Luis Gonzaga<br />

Cabral – descobrira, em plena meninice, o futuro escritor;<br />

esse que, rapazinho de 12/13 anos, fugido aos rigores do<br />

internato, aqui se tornou, como afirmou algures, “amigo<br />

de vagabundos, de mestres de saveiro, dos feirantes, dos<br />

capoeiristas, do povo dos mercados e dos candomblés”.<br />

É por tudo isto, e pelo que pude ver e sentir quando<br />

aqui passei alguns dias vai para três anos – pelos muitos<br />

tons de verde de decoram os morros, pelo canto dos pássaros<br />

que povoam de encanto os becos e recantos da cidade, pela<br />

magia que se desprende das igrejas, dos conventos, dos<br />

magníficos claustros, dos azulejos e do colorido das casas,<br />

é por tudo isto que eu me honro também de ser membro<br />

deste Instituto nesta “matriarcal Bahia – cito ainda mais<br />

um vez Gilberto Freire – não só dos Todos os Santos como<br />

de todos os homens, de todas as raças, de todos os sangues,<br />

de todas as vocações, de todas as plantas, de todos os<br />

temperos, de todas as aspirações capazes de enriquecerem<br />

a cultura brasileira e a vida humana”.<br />

216<br />

Minhas Senhoras e meus Senhores<br />

Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. <strong>101</strong>, p. 212-230, 2006

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