Revista nº 101 (A) - IGHB

Que jurei no teu leito derradeiro,
No sangue desta raça ímpia, tirana
Teu filho vai vingar um povo inteiro!...
Vamos, Maria! Cumpra-se o destino ...
Dize! Dize-me o nome do assassino!...”
Nos poemas intitulados “História de um crime”, “Último
abraço”, “Mãe penitente” e “O Segredo”, o poeta revela de
maneira gradativa, em cenas narradas no pretérito, que a
mãe de Lucas havia sido convertida em amante do patrão e
que daí nasceria o “escravo lenhador”, tendo o mesmo levado
“o nome de filho bastardo – impuro nome” e, conseqüentemente,
ficaria sabendo que o violentador de sua amada
era seu irmão pelo lado paterno. No penúltimo poema,
mencionado acima, que é subdividido em seis quartetos, a
genitora africana pede perdão a Lucas, tendo o mesmo o
concedido (1997, p. 353):
“Por isso agora tua mãe te implora
E a teus pés de joelhos se debruça.
Perdoa à triste – que de angústia chora,
Perdoa à mártir – que de dor soluça!
“Mas um gemido a meus ouvidos soa...
Que pranto é este que em meu seio rola ?
Meu Deus, é o pranto seu que me perdoa ...
Filho, obrigada pela tua esmola!”
No último poema citado, “O Segredo”, depois de revelar
o motivo de estar morrendo, já que foi vítima da “raiva e
do ciúme”, de uma branca mulher, a senhora escrava pede
ao filho, “pobre criança” para não se vingar e o coloca na
posição de submisso, possuído, como um bem qualquer,
pela família do senhor (1997, p. 354 – 356):
“- Um grito de vingança ?
- Não pobre criança! ...
Um crime a perdoar ... o que é melhor! ...
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 39-52, 2006
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