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Revista nº 101 (A) - IGHB

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“de muitas partes do sertão”, mamelucos, mulatos, negros,<br />

entre os quais, criminosos fugitivos 3 . “Viviam ali todos voluntários,<br />

sem receio, obediência ou temor, uns roubando<br />

e outros matando”. E o capitão-mor, sem poderes para<br />

estabelecer a ordem pública. A maioria faiscava individualmente,<br />

sem o emprego de mão-de-obra de terceiros, livre<br />

ou compulsória. Tratava-se, pois, de gente da “pequena<br />

esfera” dos sertões. Apenas alguns paulistas não se misturavam<br />

com os faiscadores autônomos. Eles possuíam escravos,<br />

que nunca ultrapassavam a uma dezena em cada propriedade,<br />

e preferiam embrenhar-se no mato em “seu descobrir<br />

e minerar” (COSTA, n. 5, f. 37-59, 1885), sem se integrarem<br />

com os demais mineradores, um provável reflexo<br />

da Guerra dos Emboabas (1707-1709), entre paulistas e baianos,<br />

na disputas pelo território e minas do rio das Velhas.<br />

Na economia colonial, de circulação monetária limitada,<br />

para dificultar acumulação, recorriam-se a meios de troca<br />

alternativos. Na mineração, onde não se podia impedir a<br />

manipulação do ouro extraído, o mineral intermediava as<br />

trocas. Em Rio de Contas, o ouro em pó ou em pepitas,<br />

tornou-se o meio de troca em qualquer transação comercial.<br />

Quando o engenheiro Miguel Pereira da Costa inspecionou<br />

aquelas minas, em 1721, estava cotado, nas bordas dos<br />

garimpos, a quatro patacas (320 réis) a oitava (3,586 gramas),<br />

ou pouco mais de 91 réis a grama.<br />

O relatório do mestre-de-campo de engenheiros revelou<br />

aos governos, colonial e metropolitano, a necessidade de<br />

instituições sociais e do aparato administrativo estatal. Os<br />

garimpos das serranias do Alto Sertão da Bahia consolidaram,<br />

povoaram seus entornos e estimularam a expansão<br />

de fazendas pecuaristas e policultoras nas caatingas, gerais,<br />

veredas e baixios regionais.<br />

3<br />

A distinção entre os distritos mineradores de Serro Frio e Minas Gerais deviase<br />

ao fato do primeiro ainda vincular-se à Bahia e o segundo, constituir-se com<br />

as apenas as jazidas do rio das Velhas.<br />

134<br />

Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. <strong>101</strong>, p. 123-146, 2006

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