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Revista nº 101 (A) - IGHB

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D’Aiguillon considera, por fim, que se surgissem comerciantes<br />

franceses interessados em tal negócio, o Governo<br />

francês teria de tomar tantas precauções para evitar os<br />

abusos previsíveis, que “l’espérance tacite du projet s’evanouirait”.<br />

E o Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros<br />

pergunta porque não se monta então uma operação<br />

muito mais simples, que consistiria em colocar esses mesmos<br />

escravos em qualquer feitoria portuguesa da costa<br />

ocidental da África, onde os barcos franceses os iriam buscar<br />

em datas previamente determinadas e os conduziriam às<br />

colonias francesas para serem vendidos, e os lucros<br />

divididos a meias com o negociante português, operação<br />

simples e normal que interessaria certamente aos negociantes<br />

franceses.<br />

Com esta carta, cuja minuta está datada de Versailles<br />

de Abril de 1774, o Duque d’Aiguillon encerra, pelo seu<br />

lado, este processo, simplesmente pedindo que o embaixador<br />

informe Cantofer da posição assim assumida pelo<br />

governo francês e aguardando a sua reacção. Nada mais<br />

consta, porém, na documentação conservada em Paris. É<br />

possivel, todavia, que em Nantes, nos Arquivos do Ministério<br />

dos Negócios Estrangeiros, se encontre algo de novo e de<br />

posterior. Lá irei, algum dia, em busca de mais informação.<br />

Todavia, tenhamos presente que a morte de Luís XV, logo<br />

no começo de Maio desse ano, trouxe mudanças importantes<br />

de cargos em Versailles, a começar pela substituição do duque<br />

d’Aiguillon pelo conde de Vergennes na Secretaria de Estado<br />

dos Negócios Estrangeiros; que as relações do embaixador<br />

com os próprios comerciantes franceses em Portugal<br />

continuaram a agravar-se, até à sua remoção do cargo no<br />

início de 1775; que o próprio cônsul Bissières também acaba,<br />

alguns meses mais tarde, por ser demitido – e não será de<br />

estranhar que tudo tenha ficado por aqui.<br />

Não, porém, as actividades de Cantofer. A 4 de Agosto<br />

desse ano de 1774, um decreto “com a rubrica de Sua<br />

230<br />

Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. <strong>101</strong>, p. 212-230, 2006

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