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Revista nº 101 (A) - IGHB

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Formação das estruturas matrimoniais<br />

O matrimônio, contrato de vínculo perpétuo e indissolúvel<br />

pelo qual o homem e a mulher se entregam um ao<br />

outro, é como os laços que ligam o Senhor à sua Igreja, aos<br />

que dignamente se recebem em sacramento. A matéria desse<br />

casamento é o domínio dos corpos, que mutuamente fazem<br />

os casados quando se recebem, explicando por palavras os<br />

sinais que declaram o consentimento mútuo (Nizza da Silva,<br />

Maria Beatriz. Cultura no Brasil Colonial, p.13).<br />

O matrimônio de significado material e místico foi<br />

concebido com três finalidades, e são três bens que nele se<br />

encerram. O primeiro é o da propagação humana, para o<br />

culto do homem a Deus. O segundo é a fé e a lealdade que<br />

os casados devem guardar mutuamente. O terceiro é o da<br />

inseparabilidade, significativa da união de Cristo com a<br />

Igreja. É também remédio da concupiscência e assim São<br />

Paulo o aconselha como tal aos que não podem ser continentes.<br />

Em tudo isso devem ser instruídos os que querem<br />

receber em sacramento do matrimônio, para que o celebrem<br />

com fim santo e honesto.<br />

O primeiro procedimento em relação à segurança do<br />

casamento é a concessão do dote que é passado institucionalmente<br />

à mulher, mas que na verdade é recebido pelo<br />

marido e por ele administrado. O dote repercute nas<br />

estruturas legais, sociais e econômicas onde estão situadas<br />

as mulheres, e é por essas estruturas influenciadas.<br />

O dote é uma idéia de apoiar economicamente a mulher<br />

e é uma ação bastante inusitada em uma sociedade em que<br />

a mulher na colônia brasileira é de todas as formas discriminada<br />

nas exigências da submissão (Lavrin, Assunción,<br />

Couturier, Edith. Dowries and Wills, p.282). A mulher passa<br />

do domínio patriarcal ao domínio do marido. Ao que tudo<br />

indica é um cuidado de proteger a mulher através do dote,<br />

mas que visava essencialmente a segurança da prole.<br />

Os dotes eram concedidos antes ou depois do casamento;<br />

algumas mulheres já haviam formado famílias quando<br />

58<br />

Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. <strong>101</strong>, p. 53-70, 2006

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