Revista nº 101 (A) - IGHB

anos depois, em 5 de junho, o ouvidor geral Pedro Gonçalves
Cordeiro Pereira transferiu a vila para a missão franciscana
de Bom Jesus, onde se encontra.
O termo da vila de Jacobina formou-se com as freguesias
de Santo Antônio da Jacobina, Santo Antônio do Pambu,
atual Curaçá, de Santo Antônio do Urubu, hoje Paratinga e
de Santo Antônio do Mato Grosso que, criada em 1724, foi
transferida para o arraial de Crioulos, atual sítio urbano
de Rio de Contas, com a invocação do Santíssimo Sacramento,
por Resolução de 9 de fevereiro de 1725. Vê-se que
o santo lisbonense era o mais devotado nos sertões da Bahia,
nos primeiros anos do povoamento.
O município de Jacobina limitava-se com os de Cachoeira,
Maragogipe, Ilhéus, e Rio Pardo, que englobava os
despovoados sertões do rio das Mortes, incorporados ao
território de Minas Gerais no século XVIII, e pelo São
Francisco abaixo se estendia até às divisas da comarca de
Sergipe d’el-Rei, no rio Jacuípe (FREIRE, 1998: p. 151;
COSTA, 1923: 227-282; COSTA, 1952: 318-331).
Em nome dos demais moradores, Miguel Teles, André
Rodrigues Soares, Belchior Barbalho Lobo, Pedro Félix
Brandão e Francisco da Costa, autores de uma representação
anterior, através da qual solicitaram ao rei João V, a
criação “de huma villa com seu magistrado”, agradeceramlhe
a instalação de Jacobina em 1720 numa representação
ao rei de Portugal, de 22 de julho de 1722 e carta da mesma
data (AHU-ACL-CU-005. Cx. 8, Doc. 664). Apesar da indisposição
do governo geral e da câmara de Salvador, Jacobina
continuava com a produção de ouro e a receber novos
habitantes, o suficiente para se estabelecerem as instituições
dos poderes públicos. Somente a pecuária extensiva,
dispersa pela imensidão sertaneja, não atrairia imigrante
nem justificaria a criação da vila e seu respectivo município.
A economia de Jacobina girava, pois, em torno do ouro,
cuja produção se considerava pequena, relativamente à do
Rio das Velhas, onde o volume extraído crescia a cada ano.
128
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 123-146, 2006