Revista nº 101 (A) - IGHB

Não foi sem motivo que Tobias Monteiro, o respeitado
autor da História do Império, a elaboração da Independência,
assim se expressou sobre a campanha pela independência
em nossa Província: “A resistência baiana decidiu da
unidade nacional”. “A importância da Bahia, devida ao seu
passado, à sua riqueza, à sua posição geográfica, era elemento
capital à união nacional. Se ela se desagregasse do
Império, o exemplo dessa mutilação poderia ter influência
fortíssima e acarretar conseqüências desastrosas em todo
o norte, cuja parte extrema não queria se desprender da
metrópole e a restante, salvo Pernambuco, talvez fosse fraca
para resistir à pressão que se lhe impusesse”.
A louvável resistência baiana nasceu no Recôncavo, para
aonde haviam acorrido apreciável número de famílias e
pessoas da cidade do Salvador. De nada valeu a proclamação
dirigida ao povo pelo Governador das Armas, o oficial
português Madeira de Melo, que assim tentava sustar a fuga
para o Recôncavo: “Recobrai vosso sossego.” Ordem que não
foi atendida, do mesmo modo que também não se escutou o
apelo da Junta: “voltai a vossos domicílios e ocupações
ordinárias.” O povo continuou a deixar a capital, sendo lícito
supor que, desde março, já se conspirava no Recôncavo,
conforme se pode ler nas memórias de Antônio Pereira
Rebouças.
Foi lá que se acendeu e a flama patriótica do espírito
nacional, lugar onde se cumpriu incisiva reação contra as
hostes inimigas,” preparou-se a pugna imensa em favor da
completa independência pátria. Sim nas lutas que se
desenrolaram nos campos da Bahia o povo brasileiro reagiu
aguerrido e corajoso em defesa da própria liberdade. Concedeu
ao País exemplo magnífico, que supera as determinações
emanadas das autoridades constituídas, porque capaz
de indicar-lhes o caminho.
A independência do Brasil não representa uma dádiva,
nem foi feita de maneira pacífica como se tem pretendido
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Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 101, p. 241-244, 2006