docência e inclusão: reflexões sobre a experiência de ser ... - UFSM
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vínculo com a <strong>de</strong>ficiência e não com a pessoa do aluno, traduzido em atitu<strong>de</strong>s<br />
que se contrapõe ao <strong>de</strong>senvolvimento autônomo <strong>de</strong>sse educando, através <strong>de</strong><br />
comportamentos compensatórios em relação ao sujeito que ali se encontra.<br />
136<br />
A educadora especial diz que eu dou muita moleza pra ele (aluno<br />
incluído), que eu trato ele, que eu carrego ele no colo, que eu<br />
tenho que não sei o que, que eu tenho que <strong>ser</strong> mais firme, que<br />
eu tenho que <strong>ser</strong> mais “durona”, que eu tenho que impor mais<br />
limites nele. E daí vem aquela coisa, eu fico com medo <strong>de</strong> impor<br />
limites ou <strong>de</strong> <strong>ser</strong> mais rígida com ele e ele fazer comigo o que ele<br />
fez com ela, <strong>de</strong> repente se afastar e nem querer chegar perto,<br />
então eu fico com um dilema, é bem assim que acontece<br />
(HERA).<br />
Ob<strong>ser</strong>va-se que a instauração <strong>de</strong>sse vínculo está conflitando essa<br />
professora, <strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> separar o que é próprio da maternida<strong>de</strong>,<br />
daquilo que é próprio da <strong>docência</strong>. Em outras palavras, algumas professoras<br />
experimentam a dificulda<strong>de</strong> em assumir uma postura <strong>de</strong> distanciamento. O i<strong>de</strong>al<br />
materno parece <strong>ser</strong> constitutivo da subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa professora,<br />
impossibilitando-a <strong>de</strong> realizar o movimento <strong>de</strong> afastamento reflexivo, a fim <strong>de</strong><br />
que consiga resguardar a especificida<strong>de</strong> da sua prática.<br />
Para essa professora, o cuidado assume o sentido <strong>de</strong> ocupar-se da<br />
existência do outro, <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicar-se ao outro <strong>de</strong> modo a compensar sua condição<br />
<strong>de</strong> “<strong>de</strong>ficiente”. Isso parece estar se <strong>de</strong>sdobrando numa atenção <strong>de</strong>masiada ao<br />
aluno “especial”, em que a professora antecipa o que lhe imagina <strong>ser</strong><br />
necessário, impedindo o aluno <strong>de</strong> tomar o seu lugar e, assim, progredir na<br />
escalada da sua aprendizagem.