A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...
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Bordenave (1985) aponta de diversas formas para o sentido social da comunicação.<br />
Ele acredita que a comunicação por si mesma, separada da vida social, inexiste. Assim,<br />
sociedade e comunicação são uma coisa só e a vida se confunde com a comunicação. Para<br />
este autor, a “comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem social.”<br />
(BOR<strong>DE</strong>NAVE, 1985, p.19).<br />
Há também uma comunicação social entendida como a comunicação socializadora, ou<br />
seja, esta se faz social pelo fato de envolver interação entre humanos. Assim, pode-se<br />
conceber, por exemplo, que uma roda de amigos, uma sala de aula, uma feira livre, uma<br />
central telefônica, uma central de comunicação por rádios amadores, um grupo de<br />
mobilização social etc., são ambientes onde se desencadeiam relações comunicativas sociais.<br />
Além disso, o termo comunicação também pode ser concebido como o ato de tornar comum<br />
uma determinada informação.<br />
Trataremos agora da parte da pedagogia de Freire que nos interessa neste estudo. Para<br />
refletir sobre as questões do diálogo e da pedagogia dialógica, utilizaremos os seus contrários,<br />
ou seja, concepções como “silêncio”, “anti-diálogo” e “pedagogia bancária”.<br />
Existe uma cultura que precisa ser rompida, que é a do silêncio, própria das<br />
sociedades oprimidas, onde não se tem voz, ou direito de fato a ela.<br />
Segundo Freire (1980, p.65), “a sociedade dependente é, por definição, uma sociedade<br />
silenciosa. Sua voz não é autêntica, mas um simples eco da voz da metrópole. De todas as<br />
maneiras, a metrópole fala e a sociedade dependente escuta.” Podemos tomar isto por dois<br />
sentidos: Um primeiro com relação a nós, país emergente que silenciamos diante das<br />
imposições dos países ditos hegemônicos; Um segundo sentido refere-se aos oprimidos dentro<br />
da própria sociedade. Por exemplo, na sociedade brasileira existem aqueles que oprimem e<br />
aqueles que são oprimidos, e estes últimos precisam da conscientização que gera ação para<br />
mudar as suas realidades.<br />
Esta ação já é de certa forma um rompimento com a cultura do silêncio, a qual vem<br />
nos acompanhando desde a família até a escola. Em nosso entender, esta última pode ser vista<br />
como instituição impregnada de ideologias dominantes. Assim sendo, precisamos nos libertar<br />
do “diálogo” vertical, passando de uma consciência ingênua a um pensamento crítico.<br />
O diálogo proposto pelas elites é vertical, forma o educando-massa,<br />
impossibilitando-o de se manifestar. Neste suposto diálogo, ao educando cabe<br />
apenas escutar e obedecer. Para passar da consciência ingênua a consciência crítica,<br />
é necessário um longo percurso, no qual o educando rejeita a hospedagem do<br />
opressor dentro de si, que faz com que ele se considere ignorante e incapaz. É o<br />
caminho de sua auto-afirmação enquanto sujeito. (GADOTTI, 1996, p.84)