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A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...

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Comecemos pelo diálogo interior. Através da reflexão interna, o indivíduo contrapõe<br />

e/ou interage pensamentos, chegando a conclusões que são exteriorizadas. Esse diálogo pode<br />

acontecer internamente, simplesmente por antes já ter-se de certa forma<br />

apreendido/vivenciado algo a respeito do tema dialogado.<br />

As reflexões internas podem fluir por já se ter participado de uma interação prévia,<br />

com o mundo, consigo e com os outros. Esta reflexão não é algo solto, mas situado na<br />

existência dos indivíduos. A propósito, Freire (1980, p.33) diz que “Refletirão sobre seu<br />

caráter de seres situados, na medida em que sejam desafiados a atuar. Os homens são porque<br />

estão situados. Quanto mais refletirem de maneira crítica sobre sua existência, e mais atuarem<br />

sobre ela, serão mais homens.”. Portanto, o homem passa a assumir uma posição de sujeito a<br />

partir do momento em que reflete acerca da sua situação e do seu ambiente concreto.<br />

Aprofundemo-nos mais na comunicação dialógica trazida por Freire.<br />

O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo.<br />

Se ao dizer suas palavras, ao chamar ao mundo, os homens o transformam, o diálogo<br />

impõe-se como o caminho pelo qual os homens encontram seu significado enquanto<br />

homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial (<strong>FREIRE</strong>, 1980, p.82 e 83).<br />

Dada tal importância ao diálogo, é possível dizer que, no prisma educacional, dialogar<br />

não pode ser “catequizar”, mas socializar para uma reflexão-ação. Dialogar vai além de<br />

intercambiar idéias ou conversar polemizando. Mas é uma conversa que gera uma reflexão<br />

coletiva visando criar ou aprimorar ações emancipadoras dos oprimidos.<br />

Para Freire (1980), este diálogo que é um instrumento para determinada libertação dos<br />

oprimidos deve ser desenvolvido com o amor em sua essência.<br />

O diálogo não pode existir sem um profundo amor pelo mundo e pelos homens.<br />

Designar o mundo, que é ato de criação e de recriação, não é possível sem estar<br />

impregnado de amor. O amor é ao mesmo tempo o fundamento do diálogo e o<br />

próprio diálogo (<strong>FREIRE</strong>, 1980, p.83).<br />

Dentro desta “necessidade”, do amor movendo o diálogo e a ação libertadora, é<br />

possível um doar-se a causa de maneira mais profunda. Na relação de dominação-opressão<br />

não há um interesse mútuo, mas um egoísmo, que não funciona dentro da perspectiva<br />

dialógica, pois poderá gerar um tipo de imposição de idéias e de ações. O amor, sentimento<br />

subjetivo que atua nas atitudes dos indivíduos, naturalmente traz consigo a humildade ao<br />

invés de arrogância, e esta humildade é imprescindível na relação dialógica.

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