A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...
A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...
A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
É preciso que adotemos uma postura de esperança, distanciada da acomodação, mas<br />
como convicção de que se conseguirá a libertação, seja a curto ou longo prazo. Esta esperança<br />
se opõe ao desespero que, para Freire (1980, p.84) “é uma forma de silêncio, uma maneira de<br />
não reconhecer o mundo e fugir dele.”. O desespero e o silêncio obstaculam a ação cultural<br />
libertadora. Para este autor, “os limites da ação cultural se encontram na realidade opressora<br />
mesma e no silêncio imposto às classes dominadas pelas classes dominantes. [...] a ação<br />
cultural pela liberdade enfrenta o silêncio [...]”(<strong>FREIRE</strong>, 1980, p.91).<br />
O rompimento com a cultura do silêncio deve se dá na escola, instituição de educação<br />
formal e até informal. Neste caso, é preciso que percebamos que educação está sendo dada e<br />
ainda qual é a que precisa ser oferecida. Freire (1980, p.78-79) nos faz colocações acerca da<br />
concepção bancária da educação, ressaltando que a “educação padece da doença da narração.<br />
O professor fala da realidade como se esta fosse sem movimento, estática, separada em<br />
compartimentos e previsível.”.<br />
Ao invés de “comunicar”, tornando comum numa consideração contextual, o<br />
professor dá comunicados que os discentes pacientemente, aprendem e reproduzem. É uma<br />
forma “acumulativa” de educar. Esta é a concepção bancária de educação, onde acontece<br />
uma comunicação unidirecional, a qual enche os depósitos vazios, que “suportam” tudo que<br />
for lançado, ou “calcado” dentro deles, de forma que não podem conter vazamento.<br />
Enquanto na prática “bancária” da educação, antidialógica por essência, por isso não<br />
comunicativa, o educador deposita no educando o conteúdo programático da<br />
educação, que ele mesmo elabora ou elaboram para ele, na prática problematizadora,<br />
dialógica por excelência, este conteúdo, que jamais é “depositado”, se organiza e se<br />
constitui na visão do mundo dos educandos, em que se encontram seus temas<br />
geradores (<strong>FREIRE</strong>, 1987, p.102).<br />
A concepção bancária é antidialógica por natureza. Freire (1980) aborda essa<br />
questão de maneira geniosa, elencando uma série de características: