A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...
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Voltemos agora ao espelhamento e ao rapport. Esta técnica implica não apenas seguir<br />
o modo comunicacional do outro, mas respeitar o seu mundo sendo flexível nas reações que<br />
percebemos no outro.<br />
Outra coisa ainda dentro do rapport é sabermos ouvir as outras pessoas. É ouvindo o<br />
outro que conseguimos a sua atenção para que nos escutem. Escutar é condição essencial em<br />
qualquer diálogo, senão acontecerá um monólogo “ao vento”. Escutar o outro significa ficar<br />
em silêncio momentaneamente, mas não silenciado na mente.<br />
A importância do silêncio no espaço da comunicação é fundamental. De um lado,<br />
me proporciona que, ao escutar, como sujeito e não como objeto, a fala comunicante<br />
de alguém, procure entrar no movimento interno do seu pensamento, virando<br />
linguagem; de outro, torna possível a quem fala, realmente comprometido com<br />
comunicar e não com fazer puros comunicados, escutar a indagação, a dúvida, a<br />
criação de quem escutou. Fora disso, fenece a comunicação. (<strong>FREIRE</strong>, 1996, p.117)<br />
Escutar o outro não é apenas escutá-lo no tocante a sua fala verbalizada, mas escutar<br />
também o gesto. “Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade permanente<br />
por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao gesto do outro, às diferenças<br />
do outro” (<strong>FREIRE</strong>, 1996, p.119). Este escutar respeitosamente ao outro, não significa<br />
concordar com ele em tudo, mas uma abertura à discussão. “Como sujeito que se dá ao<br />
discurso do outro, sem preconceitos, o bom escutador fala e diz de sua posição com<br />
desenvoltura. Precisamente porque escuta sua fala discordante, em sendo afirmativa, porque a<br />
escuta jamais é autoritária” (<strong>FREIRE</strong>, 1996, p.120). Isto faz-nos remeter ao que falamos a<br />
respeito das controvérsias conceituais.<br />
Um diálogo onde todos têm direito a fala e a escuta sinaliza amadurecimento<br />
intelectual dos envolvidos.<br />
E o docente? Este não deve ser autoritário, mas democrático. “[...] o espaço do<br />
educador democrático, que aprende a falar escutando, é cortado pelo silêncio intermitente de<br />
quem, falando, cala para escutar a quem, silencioso e não silenciado, fala” (<strong>FREIRE</strong>, 1996,<br />
p.117)”. Isso quer dizer que para ensinar precisa-se também estar aberto a novas<br />
aprendizagens de conceitos, às colocações feitas pelos próprios educandos, que aprendendo<br />
ensinam.<br />
Evidenciamos aqui o fato de que a educação acontece de forma mais eficaz quando é<br />
um aprendizado de pessoas juntas. Juntos construindo novos conhecimentos; juntos pensando<br />
criticamente a realidade. Esta criticidade muitas vezes se revela em um ângulo de visão