A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...
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e da expressão facial e gestual parece-nos de grande valia para a fluência comunicacional, no<br />
sentido de entender e ser entendido pelo outro.<br />
Neste aspecto, é possível que contribuamos para ampliação da capacidade dialógica<br />
dos nossos educandos a partir do momento em que os ensinarmos a ler e usar melhor as<br />
expressões visuais, posturais, gestuais e faciais, sobre as quais já falamos na parte de<br />
fundamentação deste escrito.<br />
Freire (1996, p. 122), ao dizer: “A dignidade do meu silêncio e do meu olhar que<br />
transmitem o meu protesto possível”, estava querendo afirmar que às vezes um simples gesto<br />
ou olhar pode falar mais que palavras. Por isso, temos que ter cuidado com cada um dos<br />
nossos comportamentos, pois estão sendo lidos constantemente. E ainda há uma tendência<br />
para fazermos o que vemos os nossos lideres, “modelos”, fazerem, mais do que tendemos a<br />
seguir apenas palavras. Os nossos comportamentos parecem ser vistos pelas pessoas como<br />
mensagens mais altas que as nossas falas ou escritos.<br />
Ainda falando de espelhamento, podemos espelhar a cultura e as tradições dos outros,<br />
no sentido de adaptação e respeito à ambiência. Isto contradiz ou afirma a Educação Popular e<br />
a dialogicidade? Se eu espelho a cultura do outro eu estou respeitando o outro ou estou<br />
retirando dele a oportunidade de encarar a minha cultura como uma forma a mais de conceber<br />
o mundo? Aqui surge uma questão para pensarmos e dialogarmos com ela, e não<br />
necessariamente para respondermos, fechando outras possibilidades.<br />
Sabemos que não é ético invadir a cultura do outro, chocando-o. Por outro lado, não<br />
devemos nos esquivar de mostrar-lhe a nossa. “As dificuldades maiores ou menores impostas<br />
pela estrutura ao quefazer dialógico não justificam o antidiálogo, do qual a invasão cultural é<br />
uma conseqüência” (<strong>FREIRE</strong>, 1977, p.49). Importa-nos não impor a nossa cultura, mas<br />
dialogá-la com as dos outros, pois não dialogar é que pode ser visto como invasão cultural.<br />
O diferencial aí é a forma como faremos isso. Parece-nos viável ir mostrando pouco a<br />
pouco características culturais nossas, e de acordo com a reação fisiológica da pessoa, no<br />
sentido trazido pela PNL, vamos liberando mais ou diminuindo o ritmo. Desta mesma forma,<br />
devemos nos preparar e instigar as pessoas do nosso convívio dialógico escolar a uma<br />
abertura a outras “novas” formas de expressões culturais. Freire (1996, p.60) afirma que “a<br />
dialogicidade verdadeira em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença,<br />
sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que,<br />
inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos.”.