A PEDAGOGIA DIALÓGICA DE PAULO FREIRE E AS ...
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Nesta perspectiva, pensaremos questões ligadas ao ambiente escolar, a interação entre<br />
discentes e discentes, entre estes e os docentes e entre docentes e eles mesmos, sem esquecer<br />
que não podemos desprezar a necessidade de uma boa interação entre corpo docente, discente<br />
e comunidade escolar, entendendo-a aqui como os funcionários das escolas, os pais e a<br />
comunidade local que participa da escola.<br />
Tomemos a relação de diálogo no contexto da sala de aula. Nele estão em jogo duas<br />
necessidades em torno da utilização do diálogo. A primeira é essa da qual estamos falando por<br />
hora, que é a necessidade de conscientizar, de abrir horizontes para uma nova óptica de<br />
criticidade. A segunda é a de serem socializados conteúdos escolares, o que, conforme temos<br />
defendido até agora não deve ocorrer de forma bancária, mas problematizadora e dialogada.<br />
O que se pretende com o diálogo, em qualquer hipótese (seja em torno de um<br />
conhecimento científico e técnico, seja de um conhecimento “experiencial”) é a<br />
problematização do próprio conhecimento em sua indiscutível reação com a<br />
realidade concreta na qual se gera e sobre a qual incide, para melhor compreendê-la,<br />
explicá-la, transformá-la (<strong>FREIRE</strong>, 1977, p.52).<br />
Compreender a realidade é muitas vezes compreender os contextos, as histórias de<br />
vida de cada indivíduo. É preciso pensar certo. Ensina certo quem pensa certo. Mas o que é<br />
pensar certo? Freire (1996, p.27-28) nos coloca diante de algumas considerações em torno do<br />
pensar certo: “só na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem<br />
pode ensinar a pensar certo. E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos<br />
demasiado certos de nossas certezas”. Logo, pensar desta forma tende a eliminar as<br />
possibilidades de arrogância decorridas de “certezas” absolutizadas na arrogância de alguns<br />
que pensam tudo saber.<br />
Essas atitudes de achar que sabe tudo e de ensinar aos que nada ou quase nada sabem<br />
são próprias da prática bancária, da qual já tratamos. Contudo, é válido evocarmos algo que<br />
Freire falou sobre a necessidade de uma certa rebeldia em relação a essa prática.<br />
O necessário é que, subordinado, embora, à prática bancária, o educando mantenha vivo em si o gosto da<br />
rebeldia que, aguçando sua curiosidade e estimulando sua capacidade de arriscar-se, de aventurar-se, de<br />
certa forma o “imuniza” contra o poder apassivador do “bancarismo” (<strong>FREIRE</strong>, 1996, p.25).<br />
A aventura no novo, no pensar crítica e criativamente nos parece uma forma de<br />
colocar-se no diálogo, sem desconsiderar o lado dos que praticam o bancarismo.