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História da Medicina Tradicional Chinesa 中医历史 - Guias de ...

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mercadoria; não costumam escrever os contratos, mesmo quando as transacções<br />

envolvem milhares <strong>de</strong> taels 24 <strong>de</strong> prata. Sempre que surge uma disputa, as partes<br />

envolvi<strong>da</strong>s apontam para o céu e juram dizer a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. Normalmente não se enganam<br />

uns aos outros. Depois <strong>da</strong> conquista <strong>de</strong> Malaca, Pacem 25 e Luzon 26 , nenhum dos outros<br />

países oceânicos ousou <strong>de</strong>safiar a sua autori<strong>da</strong><strong>de</strong>. 27<br />

De facto, a Europa baseia todo o seu pensamento na filosofia greco-romana, on<strong>de</strong> o<br />

princípio <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m <strong>da</strong>s coisas joga um papel fun<strong>da</strong>mental na causa e efeito, on<strong>de</strong> as<br />

relações são pobres no que respeita às referências como um todo. Para o oci<strong>de</strong>ntal a<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> factual em ca<strong>da</strong> momento é o elemento mais importante. Esta ver<strong>da</strong><strong>de</strong> baseia-se<br />

no conceito <strong>de</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> cujo conceito etimológico <strong>de</strong>riva <strong>da</strong> palavra real que por sua<br />

vez <strong>de</strong>riva do latim res 28 , objecto, matéria, coisa palpável, isto é, coisa <strong>de</strong>tectável pelos<br />

sentidos. A ver<strong>da</strong><strong>de</strong> torna-se estática, justificável por si própria, e portanto imutável<br />

e/ou <strong>de</strong>finitiva. Assim, o oci<strong>de</strong>nte apenas acredita na existência do que é <strong>de</strong>tectado pelos<br />

sentidos ou pelos instrumentos concebidos pelo seu racionalismo.<br />

Para os chineses, porém, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma ver<strong>da</strong><strong>de</strong> moral isto é, a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> tem como<br />

base a maneira justa (道 Dào) 29 <strong>de</strong> fazer as coisas, o que faz <strong>de</strong>sabrochar to<strong>da</strong> uma<br />

mentali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos valores do pensamento chinês como um pensamento cosmológico, que<br />

tem, como referimos, por base encontrar as chaves inteligíveis do mundo, isto é, as<br />

suas leis, as inter-relações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do lugar e do momento, i.e., <strong>da</strong> circunstância.<br />

De facto, há que “<strong>de</strong>scobrir outros modos <strong>de</strong> inteligibili<strong>da</strong><strong>de</strong>” para além <strong>da</strong> que a<br />

Europa <strong>de</strong>tém 30 . “O pensamento chinês é um pensamento essencialmente relacional.<br />

Para se dizer paisagem, diz-se «montanha e água» [山水] shānshǔi” 31 . Talvez por<br />

isso ao ler-se Confucius ou Chouangzen, “não há a noção <strong>de</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong>. O sábio chinês é<br />

autêntico, [ ] zhēnrén, mas é autêntico, não é ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro. […] portanto, a noção <strong>de</strong><br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é ela própria uma noção particular”. É preferível falar <strong>de</strong> “inteligibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

coerência” 32<br />

Para a China a eficácia <strong>da</strong> acção humana encontra-se na harmonia com o processo<br />

natural: existe uma relação <strong>de</strong> arranjo e a organização que estão inseri<strong>da</strong>s em sistemas<br />

24 “Peso e moe<strong>da</strong> <strong>de</strong> conta no Extremo Oriente, equivalente à 16ª parte do cati ou a uma onça.«O tael<br />

não tem existência real. Representa um certo peso <strong>de</strong> prata pura que varia conforme as locali<strong>da</strong><strong>de</strong>s».<br />

(Marques Pereira, Ta-ssi- yáng-kuó, Outubro <strong>de</strong> 1899).”. In Dalgado, Sebastião Rodolfo - «Glossário<br />

Luso-Asiático». Asian Educational Services. New Delhi. 1988<br />

25 “Antigo reino do noroeste <strong>da</strong> ilha Samatra ou Sumatra”. In Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lagoa - «Glossário<br />

Toponímico <strong>da</strong> antiga historiografia portuguesa ultramarina». Junta <strong>da</strong> Missões Geográficas e <strong>de</strong><br />

Investigação do Ultramar. Lisboa. 1950<br />

26 “Ilha filipina <strong>de</strong> Lução ou Luzon”. In Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lagoa - «Glossário Toponímico <strong>da</strong> antiga<br />

historiografia portuguesa ultramarina». Junta <strong>da</strong> Missões Geográficas e <strong>de</strong> Investigação do Ultramar.<br />

Lisboa. 1950<br />

27 Zhang Ting-you – 明史-Míng Shǐ (<strong>História</strong> dos Ming)<br />

28<br />

Torrinha, Francisco – Dicionário Latino-Português. Edições Marânus, Porto. 1945<br />

29<br />

Cheng, Anne – Lǐ 理 ou la leçon <strong>de</strong>s choses. In «Philosophie – Philosophie Chinoise», Les Éditions <strong>de</strong><br />

Minuit (44) Dec. 1994, p. 52<br />

30<br />

Julien, François – Le <strong>de</strong>tour d’un Grec par la Chine. In http://www.twics.com/~berlol/foire/<br />

fle98ju.htm, p. 2 (Retirado <strong>da</strong> Web em 27.11.2000)<br />

31<br />

I<strong>de</strong>m, p.3<br />

32 I<strong>de</strong>m, p. 16<br />

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