História da Medicina Tradicional Chinesa 中医历史 - Guias de ...
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Corpus Hippocraticum refere o princípio do Contraria Contrariis: “As doenças que<br />
provêm <strong>da</strong> plenitu<strong>de</strong> são trata<strong>da</strong>s por evacuações, as que provêm <strong>da</strong> vacui<strong>da</strong><strong>de</strong>, por<br />
repleção e em geral os contrários pelos contrários”, como exemplo po<strong>de</strong>mos referir<br />
“as doenças que provocam febre, instituía-se dieta líqui<strong>da</strong>; àquelas que eram <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>s a<br />
resfriamento, opunha-se o calor; nas que <strong>de</strong>terminavam repleção excessiva, aplicavamse<br />
purgativos” 134 . Neste tempo era hábito o uso <strong>de</strong> ventosas, e a farmacopeia incluía<br />
extractos <strong>de</strong> plantas (ópio, beladona, mandrágora, heléboro-branco, raiz <strong>de</strong> tapsia, etc,)<br />
bem como elementos minerais (sais <strong>de</strong> chumbo, <strong>de</strong> arsénio, <strong>de</strong> cobre), e <strong>de</strong> origem<br />
animal (gordura).<br />
Finalmente, a ética terá sido um dos elementos mais importantes para Hipócrates, que<br />
po<strong>de</strong>mos rever, através <strong>de</strong> uma pequena passagem do juramento que é conhecido com o<br />
seu nome: “[…] dirigirei o regime dos doentes em seu benefício, na medi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
minhas forças e <strong>de</strong> acordo com o meu julgamento, abstendo-me <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a espécie <strong>de</strong><br />
mal e <strong>de</strong> injustiça. Não administrarei veneno a ninguém, mesmo que mo peçam, nem<br />
tomarei a iniciativa <strong>de</strong> semelhante sugestão; <strong>da</strong> mesma forma, não fornecerei qualquer<br />
remédio abortivo a nenhuma mulher. Despen<strong>de</strong>rei a minha vi<strong>da</strong> e exercerei a minha<br />
arte na inocência e na pureza. […] Em qualquer casa que entre, fá-lo-ei para utili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
dos doentes, impedindo-me <strong>de</strong> qualquer malefício voluntário e corruptor e, sobretudo,<br />
<strong>de</strong> sedução <strong>da</strong>s mulheres e <strong>da</strong>s crianças, livres ou escravas, Seja o que for que veja ou<br />
ouça na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, durante o exercício <strong>da</strong> minha profissão ou mesmo fora <strong>de</strong>le, calarei<br />
aquilo que não precisa ser divulgado nunca, consi<strong>de</strong>rando a discrição como um <strong>de</strong>ver<br />
em casos semelhantes […]” 135<br />
Invenção dos vinhos medicamentosos e <strong>de</strong>coções<br />
Durante todo este tempo, na China, a experiência <strong>da</strong> população com substâncias<br />
medicamentosas aumentava <strong>de</strong> dia para dia. A acumulação do conhecimento<br />
farmacêutico expandiu o campo do uso <strong>de</strong> substancias medicamentosas resultando na<br />
invenção <strong>de</strong> vinhos medicamentosos, prescrição <strong>de</strong> componentes, e <strong>de</strong>coções.<br />
Os trabalhos chineses mais antigos nos quais se encontram regista<strong>da</strong>s substâncias<br />
medicamentosas incluem o shījīng - “Livro <strong>da</strong>s O<strong>de</strong>s ou Clássico <strong>da</strong> Poesia” e o<br />
shānhǎijīng - “Livro <strong>da</strong>s Montanhas e dos Mares”.<br />
O shījīng é <strong>da</strong> colecção mais antiga <strong>de</strong> poemas <strong>da</strong> China e foi sempre o favorito do<br />
povo chinês. Contém 74 pequenas O<strong>de</strong>s, 31 gran<strong>de</strong>s O<strong>de</strong>s e 31 o<strong>de</strong>s rituais dos Zhōu<br />
136 , to<strong>da</strong>s elas passa<strong>da</strong>s oralmente <strong>de</strong> boca em boca através <strong>de</strong> gerações. Originário <strong>de</strong><br />
vários períodos, os versos reflectem a vi<strong>da</strong> do povo chinês e a estrutura social antes do<br />
séc.V a.C., reflectindo os factos históricos mais antigos <strong>da</strong> China Shāng-Yīn e Zhōu.<br />
Deste livro po<strong>de</strong>mos retirar que a prática <strong>de</strong> recolha <strong>de</strong> ervas era já uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. Há<br />
134 Oliveira, L. N. Ferraz <strong>de</strong>; Dória, José Luís – <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong>, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa,<br />
Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicas, Lisboa, 1996, p. 71<br />
135 Sournia, Jean-Charles – <strong>História</strong> <strong>da</strong> <strong>Medicina</strong>. Instituto Piaget, Lisboa, 1995, p. 48<br />
136 Shouyi, Bai (Dir.) – Precis d’Histoire <strong>de</strong> Chine. Editions en Langues Etrangeres. 1988, p. 71<br />
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