História da Medicina Tradicional Chinesa 中医历史 - Guias de ...
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Consequentemente, será o Padre Matheus Ricci, apeli<strong>da</strong>do <strong>de</strong> “primeiro sinólogo” 12 que<br />
irá explorar esta situação, pedindo e conseguindo junto do Geral <strong>da</strong> Companhia <strong>de</strong> Jesus<br />
“huomini <strong>de</strong> buono ingegno e letterati” 13 “capaz <strong>de</strong> emen<strong>da</strong>r com segurança os erros<br />
<strong>da</strong> Astronomia sínica e granjear para os missionários a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> necessária ao seu<br />
ministério <strong>de</strong> mestres <strong>da</strong> Religião” 14 , o que, em alguns momentos, foi conseguido com<br />
êxito, corroborando-se uma vez mais o Europocentrismo <strong>de</strong> imposição.<br />
Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser curioso que“[…] todo o estudo científico exige a ausência <strong>de</strong><br />
tratamento preferencial <strong>de</strong> um ou <strong>de</strong> outro dos termos <strong>da</strong> série escolhi<strong>da</strong> para ser<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. […] Só no estudo do próprio homem é que as mais importantes ciências<br />
sociais substituíram aquele método pelo estudo <strong>de</strong> uma variação local – a civilização<br />
Oci<strong>de</strong>ntal.” 15<br />
O próprio nome China, provavelmente <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> Qín 16 nome <strong>de</strong> um dos reinos que<br />
existiram entre 453 e 222 a.C., localizado na zona montanhosa <strong>de</strong> Shensi, no extremo<br />
NE do mundo chinês <strong>de</strong> então, e que após unificar os seus rivais fundou uma dinastia<br />
imperial homónima. Este nome, era o que era <strong>da</strong>do à China pelos habitantes <strong>da</strong> Ásia<br />
Central, e que se supõe ser a origem do nome sânscrito Cîna (c = tx), e que estará na<br />
origem do malaio e javanês Cina (c = tx) e <strong>de</strong> elementos correspon<strong>de</strong>stes na Índia<br />
mo<strong>de</strong>rna, on<strong>de</strong> o português China terá a sua origem que, por sua vez terá influenciado o<br />
mundo linguístico oci<strong>de</strong>ntal 17 . Daqui po<strong>de</strong>mos observar que a <strong>de</strong>nominação 中国<br />
Zhōngguó (País do Centro), que os chineses atribuem ao seu país, não foi adopta<strong>da</strong> por<br />
nenhuma <strong>da</strong>s línguas oci<strong>de</strong>ntais, per<strong>de</strong>ndo-se, até na <strong>de</strong>nominação China, o conteúdo <strong>da</strong><br />
sua essência. Os milhares <strong>de</strong> ciclos chineses (60 anos ca<strong>da</strong>) tiveram em si a<br />
transformação constante, helicoi<strong>da</strong>l (preconizado segundo o ciclo cosmológico do<br />
Yìjīng), e o progresso auto-regulador, como um “organismo vivo que mu<strong>da</strong> lentamente<br />
<strong>de</strong> equilíbrio, ou como um termostato – vemos que os conceitos <strong>da</strong> cibernética<br />
po<strong>de</strong>riam muito bem ser aplicados a uma civilização que se soube manter numa<br />
trajectória segura, em ca<strong>da</strong> momento, como se estivesse equipa<strong>da</strong> com um piloto<br />
automático, usando uma série <strong>de</strong> «feed-backs», permitindo restabelecer o «statu quo» a<br />
seguir a to<strong>da</strong>s as perturbações” 18 , i.e. Zhì («colocar em or<strong>de</strong>m») 19 . Uma socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
que tinha normas muito estáveis e que tinha como “virtu<strong>de</strong> não se <strong>de</strong>ixar entravar: ela<br />
tem logicamente como condição a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanecer, em qualquer ocasião, na<br />
posição central (zhong) que só permite reagir à totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> situação, <strong>de</strong> evitar tanto o<br />
excesso como o <strong>de</strong>feito e <strong>de</strong> promover a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> «fazer acontecer» (cheng) na<br />
12<br />
Atti <strong>de</strong>l IV Congresso Internazionale <strong>de</strong>gli Orientalisti, II, p. 273<br />
13<br />
Venturi, Tacchi, Opere Storiche <strong>de</strong>l P. Matteo Ricci. Macerata, 1913, II, ; carta <strong>de</strong> Pequim <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong><br />
Agosto <strong>de</strong> 1608<br />
14<br />
Rodrigues, Francisco – Jesuítas portugueses astrónomos na China- 1583-1805. Instituto Cultural <strong>de</strong><br />
Macau, 1990<br />
15<br />
Benedict, Ruth – Padrões <strong>de</strong> cultura. Edição «Livros do Brasil». Lisboa, s/d, pp.15 - 16<br />
16<br />
I<strong>de</strong>ograma [955] do Dictionaire Français <strong>de</strong> la Langue Chinoise. Institut Ricci – Kuangchi Press,<br />
1999, p. 172<br />
17<br />
Tomaz, Luis Filipe – CHINA. In Albuquerque, Luís <strong>de</strong> (Dir.) «Dicionário <strong>de</strong> <strong>História</strong> dos<br />
Descobrimentos Portugueses», Círculo <strong>de</strong> Leitores, Lisboa, 1994<br />
18<br />
Needham, Joseph – La science chinoise et l’Occi<strong>de</strong>nt, Éditions du Seuil, 1973, p.103<br />
19<br />
Cheng, Anne – Lǐ 理 ou la leçon <strong>de</strong>s choses. In «Philosophie – Philosophie Chinoise», Les Éditions <strong>de</strong><br />
Minuit (44) Dec. 1994, p. 55<br />
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