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História da Medicina Tradicional Chinesa 中医历史 - Guias de ...

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classificações, morfologia, origem, efeitos, características, proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s e indicações.<br />

Os métodos <strong>de</strong> administração estão divididos em per os e aplicação tópica. O trabalho é<br />

uma manifestação <strong>da</strong> riqueza do conhecimento farmacêutico do momento e abriu<br />

caminho para <strong>de</strong>senvolvimentos farmacêuticos posteriores por gerações subsequentes.<br />

O folclore chinês, nomea<strong>da</strong>mente aquele que representa as minorias étnicas, é rica em<br />

len<strong>da</strong>s que testemunham a inquietu<strong>de</strong> do homem face à doença, bem como o<br />

conhecimento <strong>da</strong>s plantas que fazem parte <strong>da</strong> sua ecúmena. No Sul <strong>da</strong> China, entre os<br />

Bai, conta-se a origem extraordinária <strong>de</strong> uma planta benfazeja e «vivificante»: “havia<br />

dois irmãos oriundos duma família muito pobre. A preguiça do primogénito não se<br />

comparava com a diligência do mais novo. Depois <strong>da</strong> morte dos pais, o mais velho<br />

colocou o mais novo fora <strong>da</strong> porta <strong>de</strong> casa. O mais velho ficou com todos os bens só<br />

para si, não <strong>de</strong>ixando ao mais novo senão o arco e as flechas que o pai usava para<br />

caçar. A partir <strong>de</strong>ste momento o mais novo passou os dias a caçar, transportando às<br />

costas o arco e as flechas. Um dia, o mais novo viu um falcão que repousava num<br />

gran<strong>de</strong> castanheiro. Ele esticou o seu arco e visou o falcão. Este que falava a<br />

linguagem dos homens, diz ao mais novo: Caçador <strong>de</strong> bom coração, não me mates. A<br />

minha mãe, que está cega, tem necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> minha para a alimentar. Se tu me <strong>de</strong>ixares<br />

viver, dou-te os grãos <strong>de</strong> uma erva medicinal. O mais novo guardou o seu arco e diz ao<br />

falcão: pobre falcão, não te matarei, mas não tenho necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do teu presente. Vai<br />

<strong>de</strong>pressa procurar comi<strong>da</strong> para a tua mãe! Face a isto, o falcão cuspiu um coágulo <strong>de</strong><br />

sangue contendo grãos <strong>de</strong> erva medicinal, indo-se voando, em segui<strong>da</strong>. O mais novo<br />

escolheu alguns grãos e voltou à sua choupana. Semeou os grãos num terreno<br />

ensolarado que se encontrava à frente <strong>da</strong> sua casa. Três dias mais tar<strong>de</strong>, os jovens<br />

rebentos apareceram. Após mais três dias, os jovens rebentos tornaram-se sólidos<br />

caules. Mais tar<strong>de</strong>, pequenas flores vermelhas como o sangue <strong>de</strong>sabrocharam. Ele<br />

<strong>de</strong>senterrou uma raiz e comeu-a. A sua face tornou-se imediatamente brilhante. Todo o<br />

seu corpo se revigorou. Ele <strong>de</strong>u raízes a todos os al<strong>de</strong>ãos que as comeram. Aqueles que<br />

se encontravam doentes rapi<strong>da</strong>mente se curaram e os que não estavam doentes<br />

reconstituíram as suas forças. Nesse dia, os passarinhos <strong>de</strong> plumagem vermelha e bico<br />

amarelo cor <strong>de</strong> ouro voaram à volta <strong>da</strong> choupana do mais novo gritando sem parar:<br />

“Danggui! Danggui!” 141 Eis porque se chama a esta planta 当归 dāng guī (Angelicæ<br />

Sinensis). Na sua acção “alimenta o sangue […] regula as menstruações […] activa a<br />

circulação do sangue” 142 , tirando as dores, entre outras.<br />

Com base na acumulação contínua <strong>de</strong> conhecimento farmacêuticos e experiências no<br />

uso <strong>da</strong>s 本草 Běn Cǎo, foram inventados o jiǔ – vinho medicamentoso, e a tā ng 143<br />

- <strong>de</strong>coção.<br />

A China tem uma longa história <strong>de</strong> fazer vinho, cuja origem po<strong>de</strong> ser segui<strong>da</strong> até à<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> primitiva. Aliás, o vinho encontrava-se na natureza, mesmo antes <strong>de</strong> ter sido<br />

<strong>de</strong>scoberto pelo homem. Nos vales e florestas virgens, os frutos maduros <strong>de</strong> certas<br />

plantas po<strong>de</strong>m fermentar e transformar-se no “álcool dos frutos”. Talvez por isso o<br />

homem primitivo terá provado este tipo <strong>de</strong> álcool quando se alimentava <strong>de</strong> frutos<br />

141 Hoizey, Dominique – Histoire <strong>de</strong> la médicine chinoise. Édition Payot, 1988, pp. 20-21<br />

142 Advanced Textbook on Traditional Chinese Medicine and Pharmacology. Vol. II. State<br />

Administration of Traditional Medicine. New World Press. Beijing. 1995, pp. 208-209<br />

143 Também se usa tā ng yào<br />

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