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História da Medicina Tradicional Chinesa 中医历史 - Guias de ...

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Introdução<br />

“Um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro móbil <strong>de</strong> forças que trabalham contra nós hoje em dia na Ásia e em<br />

África é no ódio milenar mantido pelo orientalismo asiático contra as últimas réstia <strong>da</strong><br />

era <strong>da</strong> civilização oci<strong>de</strong>ntal que ain<strong>da</strong> ar<strong>de</strong>m nessas regiões. O que o Oriente não po<strong>de</strong><br />

suportar, é a luz potente e re<strong>de</strong>ntora numa cultura que proclama a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> civil e<br />

moral do homem contra essa tirania <strong>da</strong> casta que é a tirania <strong>de</strong> base <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as<br />

filosofias orientais. É o que explica que a maravilhosa tecnologia <strong>da</strong> civilização<br />

oci<strong>de</strong>ntal tenha sido totalmente assimila<strong>da</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as fronteiras <strong>da</strong> Ásia até aos confins<br />

do Japão, sem ter sido sujeita, junto dos povos, a qualquer modificação <strong>da</strong>s suas<br />

concessões filosóficas e religiosas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana. É como se a China, a Rússia, a<br />

Índia e o Japão, para apenas nomear os maiores países, tivessem tirado partido<br />

unicamente <strong>da</strong>s ciências experimentais <strong>da</strong> nossa civilização <strong>de</strong> forma a armar-se e<br />

equipar-se para <strong>de</strong>struir finalmente tudo o que é mais profundo e essencial, o seu<br />

espírito e a sua moral” 1<br />

Este texto, escrito por Costa Brochado em 1964, atesta bem a posição <strong>da</strong> Europa como<br />

a única <strong>de</strong>positária <strong>da</strong> ver<strong>da</strong><strong>de</strong> factual d ā ngrán. Aliás, “a ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma noção muito<br />

europeia” 2 . Assim, não cabe aos portugueses a exclusivi<strong>da</strong><strong>de</strong> chauvinista em relação<br />

aos povos orientais, encontrando-se isso em textos semelhantes nos variados livros <strong>de</strong><br />

história dos diversos países europeus 3 . “A insacia<strong>da</strong> intolerância à alteri<strong>da</strong><strong>de</strong> – paixão<br />

<strong>de</strong> que se alimenta o nosso pensamento – levou-nos a ver vácuo naquilo que não nos<br />

reflecte, a classificar <strong>de</strong> incompleto o que <strong>de</strong> nós difere”. 4<br />

A posição antropológica europeia, na interpretação do mundo oriental utilizando<br />

princípios <strong>de</strong>senraizados e mentali<strong>da</strong><strong>de</strong>s completamente <strong>de</strong>sfasa<strong>da</strong>s, continuamente<br />

atingem conclusões <strong>de</strong>stituí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> qualquer fun<strong>da</strong>mento, tornando-se na sua maioria<br />

completamente ridículas. “Não há ninguém no mundo com uma visão pura <strong>de</strong><br />

preconceitos. […] A história <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> individual <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> pessoa é acima <strong>de</strong> tudo uma<br />

acomo<strong>da</strong>ção aos padrões <strong>de</strong> forma e <strong>de</strong> medi<strong>da</strong> tradicionalmente transmitidos na sua<br />

comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> geração em geração. […] Todo aquele que nasça no seu grupo <strong>de</strong>las<br />

partilhará com ele, e todo aquele que nasça do lado oposto do globo adquirirá a<br />

milésima parte <strong>de</strong>ssa herança” 5<br />

De facto estes princípios “são o produto <strong>de</strong> processos mentais, culturalmente pré<strong>de</strong>terminados,<br />

pelo conjunto dos factores constitutivos duma civilização. Eles<br />

influenciam e mo<strong>de</strong>lam o julgamento, em to<strong>da</strong>s as relações que o espírito mantém com<br />

o real. É o olhar que nós temos acerca <strong>da</strong>s outras culturas e os conhecimentos que os<br />

acompanham, que agem então como um ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro prisma <strong>de</strong>formante. As diferentes<br />

facetas <strong>de</strong>ste prisma são <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m i<strong>de</strong>ológica, linguistica, e histórica. Se nós não<br />

tivermos consciência <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>formações, a compreensão que nós temos dos termos e<br />

1<br />

Brochado, Costa – Henrique o Navegador, Lisboa, 1964<br />

2<br />

Julien, François – Le <strong>de</strong>tour d’un Grec par la Chine. In http://www.twics.com/~berlol/foire/fle98ju.htm,<br />

p. 2 (Retirado <strong>da</strong> Web em 27.11.2000)<br />

3<br />

Needham, Joseph – La science chinoise et l’Occi<strong>de</strong>nt, Éditions du Seuil, 1973<br />

4<br />

Moscovici, Serge – A socie<strong>da</strong><strong>de</strong> contranatura. Teorema, Livraria Bertrand. 1977. p. 35<br />

5<br />

Benedict, Ruth – Padrões <strong>de</strong> cultura. Edição «Livros do Brasil». Lisboa, s/d, pp.14 – 15<br />

5

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