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Miolo Bioma _CS3.indd - Instituto Paulo Freire

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Parte 4 – Caderno de Atividades<br />

pela incapacidade de ver o todo, de religar-se a ele. Por oposto, o “pensar bem” religa e leva a<br />

imaginar a solidariedade entre os elementos de um todo, o que desperta a consciência do agir<br />

solidário (MORIN, 2005: 62-63).<br />

A ênfase em colocar a ética e o agir solidário no patamar da religação dos saberes, que é<br />

peculiar ao pensamento complexo, tem guarida nos Parâmetros... Eles sublinham que a realidade<br />

educacional, na qual o professor vai trabalhar os princípios e os rumos da ética em busca do<br />

agir solidário, há que ser vista sob o prisma da transversalidade e da interdisciplinaridade.<br />

Há, nessa indicação, uma clara opção por um pensar a educação que se aproxima e até inclui<br />

a epistemologia da complexidade. Assim, lemos: “Transversalidade e interdisciplinaridade se<br />

fundamentam na crítica de uma concepção de conhecimento que toma a realidade como um<br />

conjunto de dados estáveis, sujeitos a um ato de conhecer isento e distanciado” (Parâmetros,<br />

2000: 40). É a mesma crítica que Morin estabelece quando tem em mira o pensamento linear.<br />

Ao enveredarem pela transversalidade e interdisciplinaridade, os Parâmetros... mencionam<br />

explicitamente uma visão complexa da realidade, quando afi rmam que “ambas apontam a<br />

complexidade do real e a necessidade de se considerar teias de relações entre os seus diferentes<br />

e contraditórios aspectos” (Parâmetros, 2000: 40, grifos nossos). Embora não usem a palavra<br />

“transdisciplinaridade”, tema relevante na teoria da complexidade, possibilitam entender<br />

que ela está implícita no conceito de interdisciplinaridade, porquanto esta “questiona a<br />

segmentação entre os diferentes campos de conhecimento produzida por uma abordagem<br />

que não leva em conta a inter-relação e a confl uência e a infl uência entre eles – questiona a<br />

visão compartimentada (disciplinar) da realidade sobre a qual a escola, tal como é conhecida,<br />

historicamente se constituiu” (Parâmetros, 2000: 40).<br />

A transdisciplinaridade aparece de maneira visível também nos objetivos da transversalidade,<br />

quando afi rmam:<br />

a transversalidade promove uma compreensão abrangente dos diferentes objetos de<br />

conhecimento, bem como a percepção da implicação do sujeito do conhecimento<br />

na sua produção, superando a dicotomia entre ambos. Por essa mesma via,<br />

a transversalidade abre espaço para a inclusão de saberes extra-escolares,<br />

possibilitando a referência de sistemas de signifi cados construídos na realidade dos<br />

alunos (Parâmetros, 2000: 40).<br />

Como tema transversal – e transdisciplinar, diremos nós –, a ética também permeia<br />

“necessariamente toda a prática educativa, que abarca relações entre os alunos, entre<br />

professores e alunos e entre diferentes membros da realidade escolar” (Parâmetros, 2000: 39).<br />

O enfoque no aspecto complexo da realidade suscita uma exigência ética fundamental para<br />

a escola, a de “desenvolver um projeto de educação comprometida com o desenvolvimento<br />

de capacidades que permitam intervir na realidade para transformá-la”, cuja diretriz, entre<br />

outras, é a de “posicionar-se em relação às questões sociais e interpretar a tarefa educativa<br />

como uma intervenção na realidade no momento presente” (Parâmetros, 2000: 27).<br />

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