Miolo Bioma _CS3.indd - Instituto Paulo Freire
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Histórias de Aprender-e-ensinar para mudar o mundo<br />
acreditarmos na possibilidade do PPP apontar sempre para essa direção, nos tornaremos reféns<br />
dessa possibilidade o que inviabilizaria a decisão de construí-lo. Segundo FREITAS (2003, p. 35):<br />
...a “forma escola” constitui-se uma maneira de organizar o trabalho pedagógico a mando<br />
de funções sociais que são atribuídas à instituição escolar. Contrariar essa lógica é, no<br />
âmbito de nossa sociedade atual, um processo possível apenas como resistência. Isso não<br />
diminui sua importância como possibilidade, mas alerta para seus limites.<br />
Muito mais apropriado acreditar nas potencialidades democráticas, participativas e coletivizadas<br />
desse instrumento e tentar construí-lo sobre essas bases.<br />
A administração e a burocracia<br />
Ao longo dos anos foram percebidas diferentes funções para a estrutura administrativa e<br />
burocrática da escola. Segundo TRATEMBERG (1982 p. 40):<br />
...a conduta burocrática implica uma exagerada dependência dos regulamentos e padrões<br />
quantitativos, impessoalidade exagerada nas relações intra e extragrupo, resistência<br />
à mudança, confi gurando os padrões de comportamento na escola encarada como<br />
organização complexa. Em suma, o administrativo tem precedência sobre o pedagógico.<br />
Nesse contexto é que se pensavam os planejamentos escolares, que representavam instrumentos<br />
técnicos sinalizadores da forma como a escola tratava e entendia sua própria função, ou seja, como<br />
controle e domínio. Em seguida, a burocracia e a administração foram vistas como ferramentas de<br />
apoio da estrutura escolar em toda sua complexidade. Entretanto, nos tempos modernos, quando<br />
a escola é instrumento de formação de mão de obra necessária ao mercado de trabalho, a lógica<br />
da burocracia e da administração também repete esse movimento e assume a função de impor,<br />
discriminar e alienar. A estrutura escolar não tem como base princípios formativos e humanitários.<br />
Assim, o PPP da escola tanto pode ser um importante instrumento construído coletivamente,<br />
quanto pode ser um elemento de imposição escrito individualmente. Estudar os processos<br />
de construção do PPP das escolas e os estilos de gestão que a representam pode fornecer<br />
alguns indicadores que, categorizados, auxiliariam na construção de uma gestão democrática e<br />
autônoma para a escola.<br />
O gestor tem, dentre outras funções, a de mediar e conduzir o processo de construção do PPP.<br />
Independentemente do seu perfi l, ele é um agente determinante no processo. Assim sendo, ele<br />
tanto pode assumir o papel de um gestor impositivo e autoritário, conduzindo o PPP nesse caminho,<br />
resultando em um instrumento de coerção utilizado para controlar os grupos no interior da escola;<br />
como pode assumir o papel de gestor democrático e participativo. Conduzindo o processo de<br />
construção do PPP por essa via, certamente contribuirá para que o mesmo seja representativo de<br />
toda a comunidade escolar. Ainda que possamos questionar a possibilidade de um só elemento (no