Miolo Bioma _CS3.indd - Instituto Paulo Freire
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Histórias de Aprender-e-ensinar para mudar o mundo<br />
A primeira e mais óbvia propriedade de qualquer rede é a sua não-linearidade – ela se estendem<br />
em todas as direções, são sistemas descentrados por defi nição, com capacidade de autoorganização<br />
e de operar sem hierarquia. Uma pré-condição da rede é a participação voluntária<br />
(MARTINHO: 2003). Aqui reside uma das razões mais simples da capacidade da rede de trabalhar<br />
sem hierarquia: pessoas participam da rede quando querem e porque assim o desejam. Elas não<br />
são obrigadas a fazê-lo; decidem compartilhar do projeto coletivo da rede porque acreditam<br />
e investem nele. O trabalho em rede depende, a todo momento, da ação autônoma de cada<br />
um. Em suma, depende de participação ativa, sem a qual nenhuma iniciativa vai adiante. A<br />
preservação da autonomia orienta o funcionamento e os relacionamentos no âmbito da rede.<br />
Como decorrência, na medida em que os integrantes da rede são diferentes entre si, outro<br />
fundamento básico do modo horizontal de operação é o respeito à diferença. Ser autônomo quer<br />
dizer ser diferente, ter modos diferenciados de agir, pensar e existir. Autonomia e diferença são<br />
as duas faces de uma mesma concepção.<br />
Uma rede surge no momento em que um grupo identifi ca entre si uma “capacidade de projeto<br />
comum”. Foi assim no projeto: uma descoberta espontânea no âmbito de dinâmicas coletivas<br />
de participação. Um desdobramento lógico da construção do projeto da rede é também uma<br />
pactuação sobre os princípios e valores orientadores da ação. Tais princípios e valores devem<br />
incorporar aqueles que fundamentam a prática das redes, tais como a cooperação, a democracia,<br />
a ausência de hierarquia, a isonomia, a desconcentração de poder, a multiliderança, o respeito<br />
à autonomia, o respeito à diferença.<br />
Tecendo as relações<br />
Por que, para que e, a mais importante, para quem,<br />
são as três perguntas fundamentais que deveríamos fazer<br />
ao primeiro-ministro, ao professor, ao pai, ao fi lho,<br />
quase a propósito de tudo o que ocorre.<br />
O problema é que isso dá um pouco de trabalho.<br />
José Saramago<br />
A idéia principal ao articular a ecopedagogia, a transdisciplinaridade e a organização em redes<br />
é propor uma mudança na fi sionomia da escola. Vale dizer, entender a sustentabilidade como<br />
o novo padrão civilizacional e a partir dessa compreensão fundar um outro espaço educativo<br />
onde se realize a autogestão, as responsabilidades sejam compartilhadas, os saberes sejam<br />
construídos a partir de um diálogo entre a academia a os saberes populares, onde são considerados<br />
os desejos da comunidade escolar, enfatizando as interconexões e interdependências como<br />
processos sistêmicos, mantendo a historicidade e as contradições e confl itos que permeiam os<br />
acontecimentos A escola, nessa perspectiva, passa a ser um pólo irradiador de conhecimento<br />
para toda a comunidade que ali se vê refl etida e fortalecida. A organização em redes, aliada ao<br />
pensamento complexo, permite que as pessoas se agreguem em função de desejos e aptidões.