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Miolo Bioma _CS3.indd - Instituto Paulo Freire

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Parte 2 – Histórias de aprender: as ofi cinas de formação de professores<br />

organização do ensino em etapas de acordo com cada grupo costumam ser sinalizados após um<br />

processo maduro e responsável de construção do PPP. São questões mais abrangentes que têm<br />

repercussões diretas em todos os espaços escolares. Pela mesma via, acabam sendo contemplados<br />

e inseridos como objetivos a serem vislumbrados a longo prazo na construção de um PPP, pois, de<br />

forma geral, o ensino brasileiro atravessa uma grave crise de qualidade uma vez que:<br />

Quanto mais parece que o direito de possuir é dado a todos, mais se ensina o dever<br />

de consumir e de aprender a consumir/desejar a partir do lugar social que ocupa.<br />

Assim, o direito à educação (inclusão em todos os níveis de ensino) contrapõe-se o<br />

dever de aceitar uma determinada concepção de qualidade de ensino, que oculta<br />

seus benefi ciários e que fabrica trilhas diferenciadas e meritocráticas de sucesso e de<br />

fracasso (exclusão por dentro) (FREITAS, L., SORDI, FREITAS, H., MALAVAZI 2004).<br />

Importante registrar que, embora alguns setores ou grupos insista em anunciar o oposto, respaldados<br />

pelo número de estudantes matriculados nas escolas nos vários níveis de ensino, esta é uma realidade<br />

que deve preocupar a todos. Não se trata apenas de colocar todos na escola, como querem os liberais,<br />

mas de garantir uma escola de qualidade para todos. Buscar soluções rápidas, decretadas, mágicas<br />

e externas à instituição já mostrou ser um caminho de insucesso garantido. É preciso, então, que as<br />

propostas de transformação e qualidade de ensino partam do interior das escolas e tenham respaldo<br />

dos setores aos quais elas pertencem. Algumas experiências positivas já foram historicamente<br />

registradas e, caso não tivessem sido abortadas em seu processo de construção, poderiam servir como<br />

exemplo. De qualquer maneira os PPP podem sinalizar possibilidades de superação, uma vez que<br />

partem do diagnóstico de sua própria realidade e levam em conta as potencialidades da comunidade<br />

local. Não deve somente contemplar a instrução ou informação necessária ao estudante, mas deve<br />

levar em conta a formação que pretende e deve oferecer. Por isso, costumamos dizer que um projeto<br />

pedagógico deve tomar decisões coletivas que não são apenas técnicas ou acadêmicas, mas são<br />

também políticas. Por isso, não causa estranheza que, em todos os níveis de ensino, essa via de<br />

construção coletiva e democrática obtenha resistência; afi nal, ela rejeita internamente processos<br />

decisórios individuais e autoritários e, externamente, rejeita todos os mecanismos de imposição por<br />

decretos e leis que não a retratem. E esses processos não estão isentos de identidades. São pessoas,<br />

grupos, entidades, categorias que, por trás deles, procuram criar mecanismos para que a própria<br />

comunidade acadêmica desacredite dos processos decisórios internos, coletivos e educativos. Essa<br />

resistência tem sido percebida em muitas ocasiões, inclusive nos absurdos acordos e decisões que em<br />

nada auxiliam o verdadeiro ensino de qualidade do país. Mesmo conhecendo-os, é preciso continuar<br />

resistindo a eles, pois essa é a única forma de não permitir um avanço ainda mais irresponsável na<br />

área educacional e, ao mesmo tempo, é a forma de anunciar a crença na possibilidade de superação<br />

e avanço, na busca de melhores condições para a educação no Brasil.<br />

Maria Marcia Sigrist Malavasi é professora e coordenadora associada do Curso de Pedagogia da<br />

Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp.<br />

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