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Miolo Bioma _CS3.indd - Instituto Paulo Freire

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Parte 4 – Caderno de Atividades<br />

Felizmente nasce uma “contracorrente, ainda tímida, de emancipação em relação à tirania<br />

onipresente do dinheiro, que se busca contrabalançar por relações humanas e solidárias,<br />

fazendo retroceder o reino do lucro”, bem como outra “contracorrente, também tímida, que,<br />

em reação ao desencadeamento da violência, nutre éticas de pacifi cação das almas e das<br />

mentes” (MORIN, 2001, p. 73).<br />

Acredita-se que a busca desenfreada por lucro, a qual subestima a solidariedade, o<br />

respeito, a ética e a paz, esteja enraizada na desconsideração, durante o processo<br />

educacional, de questões integralmente humanas. Como conseqüência, a representação<br />

de “ser” humano perdeu sua importância na prática educacional diária e, por isso, não<br />

raramente nos deparamos em situações nas quais os ditos humanos se comportam como<br />

completamente dissociados da solidariedade, ética e respeito − habilidades que deveriam<br />

ter sido desenvolvidas no processo de educação do indivíduo, e que um dia fi zeram parte<br />

natural da convivência comunitária. Questões como quem somos? Onde estamos? De onde<br />

viemos? E, para onde vamos? (MORIN, 2001) são inseparáveis e devem, portanto, estar<br />

presentes no processo de desenvolvimento educacional.<br />

O que se pretende com este texto, portanto, é a sugestão do resgate da refl exão sobre o<br />

processo de “ser” humano, a saber: tornar a espiritualidade participante ativa do processo<br />

pedagógico, ou seja, como disciplina curricular.<br />

Sabemos que o conceito de “espiritualidade” é difuso no universo acadêmico, uma vez<br />

que não é de fácil defi nição. Por um outro lado, jamais deixou de se fazer presente na vida<br />

de qualquer cidadão, visto que é parte da natureza humana. Sendo assim, abandonaremos<br />

a conjectura retórica que insiste em defi nir as coisas em seus blocos paradigmáticos e<br />

aceitaremos o termo “espiritualidade” como o “contínuo desenvolvimento da identidade”<br />

(TISDELL e TOLLIVER, 2003, p. 374, tradução nossa). Esta será a defi nição norteadora deste<br />

texto. Entenderemos a espiritualidade como um processo contínuo de autoconhecimento, o que<br />

tem como conseqüência a interação com o meio em todos os aspectos: ambientais, culturais,<br />

étnicos, sociais, psicológicos, políticos. Contemporaneamente, “o holismo introduziu a idéia de<br />

espiritualidade não como religião ou crença em Deus, mas como busca permanente de sentido<br />

para a vida. A espiritualidade é algo pessoal, embora construída socialmente, que está presente<br />

no ser humano desde a infância” (GADOTTI, 2000, p.78). Portanto, a inclusão da refl exão sobre<br />

a espiritualidade no processo pedagógico requer fi rme consideração.<br />

A falta de refl exão sobre o autoconhecimento durante a prática educacional cotidiana pode<br />

resultar em problemas, os quais, normalmente, não são associados a tal ausência. Difi cilmente<br />

conseguimos, por exemplo, reconhecer a violência mostrada pelo aluno em sala de aula como<br />

sintoma de uma possível crise de identidade do mesmo. “Parece não se acreditar que o jovem<br />

tenha angústias e incertezas existenciais. Não se percebe que muito do que não se admite –<br />

e mesmo se reprime – do comportamento juvenil está vinculado a crises de espiritualidade”<br />

(D´AMBROSIO, 2001, p.150) .<br />

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