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Miolo Bioma _CS3.indd - Instituto Paulo Freire

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Parte 2 – Histórias de aprender: as ofi cinas de formação de professores<br />

vislumbrar algo sobre as possibilidades futuras do seu lugar. Estimular seu vínculo com seu<br />

próprio lugar, o lugar onde vive e trabalha, onde se relaciona e sonha, é essencial. Ele é<br />

estimulado a pesquisar sobre a água e seu caminho, como é que ela “passa” por seu lugar,<br />

sobre o solo, sobre os ventos, as sementes, as fl ores, os animais. As pessoas e suas capacidades<br />

de transformação da paisagem. As relações ecológicas que existem em todos os lugares. A<br />

movimentação da Terra em relação ao Sol e ao céu. As sombras, a percepção de nossa relação<br />

do que está além de nosso planeta. A observação de que o mundo de cada um é construído por<br />

cada um e que as coisas só passam a existir para nós à medida que as percebemos.<br />

Por exemplo, somente percebemos os sons à nossa volta se paramos para ouvi-los. E quanto<br />

mais aquietamos nossa mente, mais conseguimos ouvir. Deixamos de ouvir nossos próprios ruídos<br />

para ouvir os do mundo, conectando-nos com eles. Os educadores, através dos exercícios, vão<br />

aprendendo a observar as próprias relações sistêmicas, tanto as físicas como as que ocorrem em<br />

suas mentes. Algumas vezes conseguem perceber que fazem parte da mesma dinâmica.<br />

Essa formação destaca também as diferentes formas de conhecer: conhecer pelas informações<br />

(forma a que estamos mais acostumados) e conhecer pela experiência (forma mais rara e ainda<br />

menos valorizada). Como o próprio educador passa pela experiência, “conhece” a diferença e está<br />

apto a apropriar-se dela em seu trabalho na sala de aula. O aprendizado pela experiência pode não<br />

dar conta de toda a grade curricular a que o professor deve atender, mas promove uma compreensão<br />

que fi ca internalizada e vai infl uenciar nas suas formas de aprendizagem e relacionamentos futuros.<br />

Dessa forma, desestabiliza as estruturas convencionais de chegar ao conhecimento, abrindo espaço<br />

para outras formas de pensar e perceber o mundo em que vivemos.<br />

Estimula também a consciência de que são formadores de opinião, pretendendo ajudá-los de<br />

alguma forma a superar eventuais mecanismos de apatia e acomodação face à difícil realidade<br />

a que têm que fazer face no cotidiano.<br />

É uma grata satisfação poder compartilhar neste texto a concepção do Diagnóstico Vivo, uma<br />

vez que temos sabido de transformações importantes ocorridas nas atuações dos professores<br />

nas regiões em que pudemos trabalhar. Esperamos com isso despertar o interesse de um público<br />

crescente, dando-nos assim a oportunidade de participar da construção de um mundo mais<br />

participativo, mais estimulante, mais consciente e solidário.<br />

Rita Mendonça é bióloga, socióloga e coordenadora no Brasil da Sharing Nature Foundation e<br />

diretora geral do <strong>Instituto</strong> Romã de Vivências na Natureza. Coordena as Caminhadas Ecológicas<br />

e Filosófi cas da Associação Palas Athena e o Grupo de Diálogo Filosofi as da Natureza.<br />

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