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Miolo Bioma _CS3.indd - Instituto Paulo Freire

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64<br />

Histórias de Aprender-e-ensinar para mudar o mundo<br />

A Carta expressa, como efeito fi nal, a confi ança na capacidade regenerativa da Terra e<br />

na responsabilidade compartida dos seres humanos de aprenderem a amar e a cuidar do Lar<br />

Comum. Só assim garantiremos um futuro comum e alcançaremos a paz tão ansiada, entendida<br />

como “a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras<br />

culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte”. Concluindo,<br />

podemos dizer: tudo o que precisamos para o atual estado da Terra, encontramos nesta proposta<br />

de ética mundial, seguramente a mais articulada, universal e elegante que se produziu até<br />

agora. Se esta Carta da Terra for universalmente assumida, mudará o estado de consciência<br />

da humanidade. A Terra ganhará, fi nalmente, centralidade junto com todos os fi lhos e fi lhas da<br />

Terra que se responsabilizam pelo futuro comum.<br />

Nela não haverá mais lugar para o empobrecido, o excluído e o agressor da própria Grande<br />

Mãe. Mais e mais os seres humanos se entenderão como a própria Terra, que em seu lento e<br />

progressivo evoluir alcançou o estágio do sentimento, do pensamento, do amor, do cuidado, da<br />

compaixão e da veneração.<br />

Três pontos relevantes na Carta da Terra<br />

A Carta da Terra contém uma riqueza de conteúdo inestimável, cobrindo, praticamente,<br />

todas as áreas de interesse para uma vida harmônica na nave-espacial Terra. Três pontos,<br />

entretanto, cabe ressaltar.<br />

O primeiro deles é a aura benfazeja que cerca todo o documento. Há a consciência da<br />

gravidade do estado da Terra e da Humanidade. Mas nem por isso prevalece o abatimento e a<br />

resignação. Antes, há lugar para a esperança, há confi ança na responsabilidade humana e há a<br />

certeza de um novo concerto cinegético e amoroso entre Terra e Humanidade. Deixa-se para<br />

trás a visão meramente positivista e mecanicista da natureza. Em seu lugar entra a concepção<br />

contemporânea que resgata a perspectiva ancestral que capta o caráter de mistério do Universo<br />

e da vida. Os valores da solidariedade, da inclusão e da reverência pervadem todo o texto.<br />

O segundo ponto é a superação do conceito fechado de desenvolvimento sustentável. Esta<br />

categoria é ofi cial em todos os documentos internacionais. Foi a fórmula pela qual o sistema mundial<br />

imperante conseguiu incorporar as exigências do discurso ecológico. Mas ele é profundamente<br />

contraditório em seus próprios termos. Pois o termo desenvolvimento vem do campo da economia;<br />

não de qualquer economia, mas do tipo imperante, que visa a acumulação de bens e serviços de<br />

forma crescente e linear mesmo à custa de iniqüidade social e depredação ecológica. Esse modelo<br />

é gerador de desigualdades e desequilíbrios, inegáveis em todos os campos onde ele é dominante.<br />

A sustentabilidade provém do campo da ecologia e da biologia. Ela afi rma a inclusão de<br />

todos no processo de inter-retro-relação que caracteriza todos os seres em ecossistemas.<br />

A sustentabilidade afi rma o equilíbrio dinâmico que permite todos participarem e se verem<br />

incluídos no processo global.

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