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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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Exmo. Sr. Administrador<br />

Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />

INTRODUÇÃO<br />

Ao terminar o primeiro a<strong>no</strong> da minha administração neste P<strong>os</strong>to,<br />

permita-me V. Ex. a que exponha, em poucas palavras, o que <strong>no</strong>tei durante<br />

a minha jurisdição, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que assumi a chefia <strong>de</strong>ste P<strong>os</strong>to.<br />

O cargo <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong> p<strong>os</strong>to, para quem o queira <strong>de</strong>sempenhar cabalmente,<br />

<strong>de</strong>ntro do p<strong>os</strong>sível, é claro, é muito trabalh<strong>os</strong>o e acarreta responsabilida<strong>de</strong>s<br />

e <strong>de</strong>sg<strong>os</strong>t<strong>os</strong>.<br />

Cumpre-me, na minha missão <strong>de</strong> europeu civilizador, como tod<strong>os</strong> o <strong>de</strong>vem<strong>os</strong><br />

ser, assegurar a<strong>os</strong> indígenas o exercício d<strong>os</strong> seus direit<strong>os</strong>, bem como<br />

o gozo das vantagens que a lei lhes conce<strong>de</strong>; atendê-l<strong>os</strong> nas suas pretensões<br />

e reclamações justas; tratá-l<strong>os</strong> com bons mod<strong>os</strong> e boas palavras, sem contudo<br />

abandonar a firmeza e persistência necessárias, tratando-se <strong>de</strong> entes<br />

que não têm educação nem instrução, mas mantendo sempre o prestígio<br />

da autorida<strong>de</strong>. Mal <strong>de</strong> nós se vam<strong>os</strong> a dar ao preto muitas vantagens, que<br />

ao europeu se não dão, porque o negro não agra<strong>de</strong>ce, <strong>sobre</strong>tudo o macua<br />

que nem tem na sua língua palavra que traduza «muito obrigado» 1 .<br />

Já em 1886, <strong>os</strong> ilustres viajantes M. Capelo e R. Ivens, na sua <strong>de</strong>scrição<br />

da viagem <strong>de</strong> Angola à Contra-C<strong>os</strong>ta, reconheciam que «a ingratidão<br />

e a perfídia, essas torpes faculda<strong>de</strong>s tão comuns nas inteligências rudimentares<br />

formam o traço característico do negro».<br />

Portanto, provado está que ao negro não se po<strong>de</strong> dar mais vantagens<br />

que ao europeu e <strong>sobre</strong> o caso, dizia o gran<strong>de</strong> colonial António<br />

1 No idioma macua (emakhuwa) existe o verbo <strong>os</strong>hukuru (ou <strong>os</strong>hkhuru) que significa «agra<strong>de</strong>cer»,<br />

«<strong>de</strong>monstrar gratidão», «dar graças». K<strong>os</strong>hukhuru vantxene significa «estou muito agra<strong>de</strong>cido», «muito<br />

obrigado». Esta expressão tanto é corrente <strong>no</strong> litoral como <strong>no</strong> interior. Mas <strong>no</strong> litoral islamizado também<br />

se usa a expressão kofurahiwa que tem o sentido <strong>de</strong> «estou agra<strong>de</strong>cido».<br />

2008 E-BOOK CEAUP<br />

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