relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
36<br />
Francisco A. Lobo Pimentel<br />
A 18 <strong>de</strong> Dezembro do mesmo a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1889, o ministro inglês em Lisboa<br />
apresentava queixa do seu gover<strong>no</strong> contra o procedimento <strong>de</strong> Serpa<br />
Pinto, atacando <strong>os</strong> macolol<strong>os</strong> que se achavam sob a protecção da ban<strong>de</strong>ira<br />
inglesa (a ban<strong>de</strong>ira foi prop<strong>os</strong>itadamente entregue ao macolol<strong>os</strong><br />
para reforçar o protesto). O Gover<strong>no</strong> <strong>de</strong>clarou que Serpa Pinto não atacou,<br />
mas sim foi atacado e, como tal, se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u como era seu <strong>de</strong>ver.<br />
O caso ia-se agravando e o Gover<strong>no</strong> tentou a arbitragem com as nações<br />
da conferência <strong>de</strong> Berlim, o que a<strong>os</strong> ingleses não convinha por saberem<br />
qual o seu procedimento <strong>no</strong> caso, e então logo <strong>no</strong> princípio do a<strong>no</strong> seguinte<br />
1890, a 10 <strong>de</strong> Janeiro, o gover<strong>no</strong> inglês sem mais preâmbul<strong>os</strong>,<br />
exigiu terminantemente que mandassem retirar as forças e autorida<strong>de</strong>s<br />
portuguesas que estavam n<strong>os</strong> macolol<strong>os</strong> e não aceitou arbitragem alguma,<br />
como era <strong>de</strong> esperar daqueles sincer<strong>os</strong> amig<strong>os</strong>, e <strong>no</strong> dia imediato,<br />
<strong>no</strong>vo ultimatum com as mesmas exigências, já a Inglaterra arre ganhava<br />
<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntes para, pela força, conseguir o que antes não conseguira diplomaticamente,<br />
obrigando a pequena mas valente Nação a ce<strong>de</strong>r às suas<br />
exigências e, assim, já tinha nas águas <strong>de</strong> Vigo, o navio <strong>de</strong> guerra Enchantress;<br />
em Zanzibar ancoravam 10 navi<strong>os</strong> <strong>de</strong> guerra; <strong>de</strong> Gibraltar e<br />
<strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong> anunciavam a passagem <strong>de</strong> navi<strong>os</strong> <strong>de</strong> guerra ingleses com<br />
rumo <strong>de</strong>sconhecido. Estava a Inglaterra armada em «papão» com as guelas<br />
escancaradas pronta a engolir a pequena Nação que havia sécul<strong>os</strong> a<br />
engran<strong>de</strong>cera com o seu ouro e o seu sangue; mas certo estou que durante<br />
a <strong>de</strong>glutição havia <strong>de</strong> encontrar muit<strong>os</strong> <strong>os</strong>s<strong>os</strong> que a engasgariam.<br />
No entanto, o Gover<strong>no</strong> Português ce<strong>de</strong>u, para não cortar as relações<br />
com <strong>os</strong> amig<strong>os</strong> e aliad<strong>os</strong> ingleses: «a quem tant<strong>os</strong> favores <strong>de</strong>via».<br />
Em Lisboa e Colónias produziam-se manifestações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagrado<br />
contra <strong>os</strong> ingleses, que estiveram bastante sérias. Várias nações e associações<br />
estrangeiras, incluindo inglesas, testemunharam ao Gover<strong>no</strong><br />
Português a sua simpatia e solidarieda<strong>de</strong>.<br />
Proce<strong>de</strong>u-se a <strong>no</strong>vas negociações, mas já constava existirem conlui<strong>os</strong><br />
entre ingleses e o Gungunhana. A 20 <strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>to foi prop<strong>os</strong>to um modus<br />
vivendi por 6 meses, e a 14 <strong>de</strong> Novembro foi assinada a convenção.<br />
Quando men<strong>os</strong> se esperava, e para que jamais entrasse a tranquilida<strong>de</strong><br />
<strong>no</strong> País, <strong>os</strong> ingleses voltam a incomodar-n<strong>os</strong> e foi o caso que a 29 <strong>de</strong><br />
No vembro do mesmo a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1890, forças da Companhia Inglesa do Sul<br />
E-BOOK CEAUP 2008