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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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Francisco A. Lobo Pimentel<br />

A 18 <strong>de</strong> Dezembro do mesmo a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1889, o ministro inglês em Lisboa<br />

apresentava queixa do seu gover<strong>no</strong> contra o procedimento <strong>de</strong> Serpa<br />

Pinto, atacando <strong>os</strong> macolol<strong>os</strong> que se achavam sob a protecção da ban<strong>de</strong>ira<br />

inglesa (a ban<strong>de</strong>ira foi prop<strong>os</strong>itadamente entregue ao macolol<strong>os</strong><br />

para reforçar o protesto). O Gover<strong>no</strong> <strong>de</strong>clarou que Serpa Pinto não atacou,<br />

mas sim foi atacado e, como tal, se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u como era seu <strong>de</strong>ver.<br />

O caso ia-se agravando e o Gover<strong>no</strong> tentou a arbitragem com as nações<br />

da conferência <strong>de</strong> Berlim, o que a<strong>os</strong> ingleses não convinha por saberem<br />

qual o seu procedimento <strong>no</strong> caso, e então logo <strong>no</strong> princípio do a<strong>no</strong> seguinte<br />

1890, a 10 <strong>de</strong> Janeiro, o gover<strong>no</strong> inglês sem mais preâmbul<strong>os</strong>,<br />

exigiu terminantemente que mandassem retirar as forças e autorida<strong>de</strong>s<br />

portuguesas que estavam n<strong>os</strong> macolol<strong>os</strong> e não aceitou arbitragem alguma,<br />

como era <strong>de</strong> esperar daqueles sincer<strong>os</strong> amig<strong>os</strong>, e <strong>no</strong> dia imediato,<br />

<strong>no</strong>vo ultimatum com as mesmas exigências, já a Inglaterra arre ganhava<br />

<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntes para, pela força, conseguir o que antes não conseguira diplomaticamente,<br />

obrigando a pequena mas valente Nação a ce<strong>de</strong>r às suas<br />

exigências e, assim, já tinha nas águas <strong>de</strong> Vigo, o navio <strong>de</strong> guerra Enchantress;<br />

em Zanzibar ancoravam 10 navi<strong>os</strong> <strong>de</strong> guerra; <strong>de</strong> Gibraltar e<br />

<strong>de</strong> Cabo Ver<strong>de</strong> anunciavam a passagem <strong>de</strong> navi<strong>os</strong> <strong>de</strong> guerra ingleses com<br />

rumo <strong>de</strong>sconhecido. Estava a Inglaterra armada em «papão» com as guelas<br />

escancaradas pronta a engolir a pequena Nação que havia sécul<strong>os</strong> a<br />

engran<strong>de</strong>cera com o seu ouro e o seu sangue; mas certo estou que durante<br />

a <strong>de</strong>glutição havia <strong>de</strong> encontrar muit<strong>os</strong> <strong>os</strong>s<strong>os</strong> que a engasgariam.<br />

No entanto, o Gover<strong>no</strong> Português ce<strong>de</strong>u, para não cortar as relações<br />

com <strong>os</strong> amig<strong>os</strong> e aliad<strong>os</strong> ingleses: «a quem tant<strong>os</strong> favores <strong>de</strong>via».<br />

Em Lisboa e Colónias produziam-se manifestações <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagrado<br />

contra <strong>os</strong> ingleses, que estiveram bastante sérias. Várias nações e associações<br />

estrangeiras, incluindo inglesas, testemunharam ao Gover<strong>no</strong><br />

Português a sua simpatia e solidarieda<strong>de</strong>.<br />

Proce<strong>de</strong>u-se a <strong>no</strong>vas negociações, mas já constava existirem conlui<strong>os</strong><br />

entre ingleses e o Gungunhana. A 20 <strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>to foi prop<strong>os</strong>to um modus<br />

vivendi por 6 meses, e a 14 <strong>de</strong> Novembro foi assinada a convenção.<br />

Quando men<strong>os</strong> se esperava, e para que jamais entrasse a tranquilida<strong>de</strong><br />

<strong>no</strong> País, <strong>os</strong> ingleses voltam a incomodar-n<strong>os</strong> e foi o caso que a 29 <strong>de</strong><br />

No vembro do mesmo a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1890, forças da Companhia Inglesa do Sul<br />

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