07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />

Muito europeu, infelizmente, consi<strong>de</strong>ra o preto como um ente <strong>de</strong><br />

uma espécie diferente, entre o género huma<strong>no</strong>, abusando da raça inferior;<br />

mas são estes <strong>os</strong> que <strong>os</strong> não sabem aproveitar, ensinando-<strong>os</strong> e<br />

educando-<strong>os</strong>, como <strong>de</strong> vem, e então obrigam-n<strong>os</strong> ou querem obrigá-l<strong>os</strong> a<br />

trabalhar, produzindo como uma máquina, sem aten<strong>de</strong>rem ao seu fraco<br />

estado moral e intelectual. O que a maior parte daqueles indivídu<strong>os</strong><br />

<strong>de</strong>sconhece. Actualmente, abusa -se muito da fraqueza da raça, pren<strong>de</strong>ndo-se<br />

arbitrariamente, aplicando barbaramente castig<strong>os</strong> corporais, etc.<br />

Devem<strong>os</strong> partir do princípio que o preto está ainda longe <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<br />

o que são necessida<strong>de</strong>s, porque usando como usam <strong>os</strong> seus hábit<strong>os</strong><br />

primitiv<strong>os</strong>, com estes se governam e vivem; estes hábit<strong>os</strong> <strong>de</strong> há sécul<strong>os</strong> é<br />

que são um segredo que a raça branca não conseguiu <strong>de</strong>svendar.<br />

A terra africana constitui um velho Continente, cuja história só<br />

n<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> dias se tenta estudar, mas tar<strong>de</strong> e muito tar<strong>de</strong>; e então que<br />

não n<strong>os</strong> restam dad<strong>os</strong> para a conhecerm<strong>os</strong>, <strong>de</strong>vemo-n<strong>os</strong> convencer que<br />

nunca será p<strong>os</strong>sível escrever ou saber-se a história da África. Diziam <strong>os</strong><br />

antepassad<strong>os</strong> que apren<strong>de</strong>r é viver e Cícero era da opinião <strong>de</strong> que «Não<br />

conhecer o que se passou <strong>no</strong> mundo, antes <strong>de</strong> nós, é permanecer na infância»;<br />

pois permanecerei na infância, embora a velhice se me aproxime.<br />

O que é facto é que o preto, um dia que longe está, há-<strong>de</strong> passar<br />

por uma evolução que difícil é adivinhar qual ela será. Limitamo-n<strong>os</strong>, <strong>de</strong><br />

futuro, a compilar o que p<strong>os</strong>sível for encontrar em obras antigas <strong>sobre</strong> a<br />

história africana, e escrevendo-se o que se for ouvindo <strong>de</strong> pret<strong>os</strong> velh<strong>os</strong>,<br />

<strong>sobre</strong> <strong>os</strong> seus hábit<strong>os</strong> <strong>no</strong>utr<strong>os</strong> temp<strong>os</strong>; <strong>no</strong> entanto, não creio que se consiga,<br />

sem sair d<strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes d<strong>os</strong> indígenas, me lhorar a sua indolente<br />

situação; muito se fará fazendo-<strong>os</strong> aproximar da civilização, criandolhes<br />

necessida<strong>de</strong>s e obrigando-<strong>os</strong> a trabalhar para ao tra balho se habituarem.<br />

Será isto difícil? Não, porque o preto é inteligente, como provam<br />

trabalh<strong>os</strong> manuais por eles feit<strong>os</strong>; o preto é indolente e, mesmo assim,<br />

não o é para ele quando precisa e então o que há a fazer é obrigá-lo ao<br />

trabalho <strong>de</strong>vida e pontualmente pago e eis a razão por que entendo que<br />

<strong>de</strong>via <strong>de</strong>saparecer o voluntariado n<strong>os</strong> trabalh<strong>os</strong> agrícolas e industriais.<br />

Pois como se compreen<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ndo o preto auferir 30$00 mensais<br />

e alimentação, como compelido, se sujeite a trabalhar voluntariamente<br />

por 10, 15 e 20$00 mensais, sem alimentação para o mesmo serviço? É<br />

2008 E-BOOK CEAUP<br />

153

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!