relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />
(martelo <strong>de</strong> pedreiro). Já por fim, em 15 <strong>de</strong> Setembro: 6 pás, 2 marretas,<br />
2 machad<strong>os</strong>: em 2 <strong>de</strong> Outubro: 12 enxadas. Com a ferra menta incapaz<br />
que havia <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to, só em Setembro pu<strong>de</strong> fazer alguma coisa com a seguinte<br />
ferramenta, assim distribuída: enxadas, 26, sendo 3 boas; machad<strong>os</strong>,<br />
22, sendo 10 bons; picaretas, 7, sendo 2 boas; pás, 13, quase todas<br />
inutilizadas; marretas, 2, sendo um martelo.<br />
Eis a ferramenta que só em Setembro e Outubro me foi fornecida<br />
para arranjar 90 quilómetr<strong>os</strong> <strong>de</strong> estrada, e esta ferramenta era a já incapaz<br />
para serviço em Nampula, mas diz o «tesoureiro»: Não há dinheiro.<br />
Sobre indígenas para trabalhar, <strong>de</strong> princípio dispunha <strong>de</strong> 30 e por<br />
fim, em Setembro e Outubro, consegui reunir 212; à se<strong>de</strong> em Nampula,<br />
com 4000 homens apt<strong>os</strong> para serviço, aproximadamente, e pelo mínimo,<br />
podia ter auxiliado o P<strong>os</strong>to, mas não só não auxiliou como ainda pediu<br />
para o P<strong>os</strong>to <strong>de</strong> Mŭrrŭpŭla 200 homens. Em Nampula não se olhou a<br />
<strong>de</strong>spesas; fizeram como <strong>os</strong> alemães na guerra: «ou vai ou racha» e atacavam<br />
em massa. Só na estrada Nampula-Ribàŭé, na parte <strong>de</strong> Nampula, às<br />
or<strong>de</strong>ns do aspirante Chagas, fora o resto, estavam 350 homens!!! No entanto,<br />
em Nampula, havia homens a plantarem ananases e outras plantas;<br />
fazer avenidas e outr<strong>os</strong> lux<strong>os</strong>, enquanto Chinga, o malfadado P<strong>os</strong>to,<br />
se lamentava com falta <strong>de</strong> ferramenta e trabalhadores. Mas, para o público,<br />
a maioria da população <strong>de</strong> Moçam bique não olham a estes fact<strong>os</strong><br />
e chamam bom administrador a quem tem boas estradas sem saberem<br />
como elas foram feitas; se houve maus trat<strong>os</strong> corporais n<strong>os</strong> indígenas;<br />
o caso é que, havendo uma boa estrada, o administrador é bom; e digo<br />
assim porque, conversando com vári<strong>os</strong> indivídu<strong>os</strong> em Moçambique, e falando-se<br />
<strong>de</strong> administradores bons ou maus na sua especia lida<strong>de</strong>, a teoria<br />
é sempre a mesma: «Fula<strong>no</strong> é um bom administrador e a prova é ver as<br />
estradas.» Como se o administrador não tivesse ou não tenha outr<strong>os</strong> serviç<strong>os</strong><br />
<strong>de</strong> muita responsabilida<strong>de</strong>, como administração e política indígena<br />
(as principais), etc. Uns dias por acaso que estive em Nampula, foramse<br />
alguns homens queixar do sentenciado Lucas que aplicava pan cadas;<br />
mas que importância tinham as pancadas? Haja estrada com muita terra<br />
por cima para «inglês ver» e está tudo feito.<br />
Eu comparo Nampula com uma mãe <strong>de</strong>pravada que gasta em lux<strong>os</strong> o<br />
que é <strong>de</strong>la e d<strong>os</strong> filh<strong>os</strong>, <strong>de</strong>ixando estes na miséria. Realmente, quem pas-<br />
2008 E-BOOK CEAUP<br />
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