07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

232<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

do-lhe medo, ele diz sempre que sim ou que não, conforme a vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> quem o interroga. Assim calculo eu que o Dr. R<strong>os</strong>s tivesse formulado<br />

habilmente um questionário que <strong>os</strong> obrigasse a respon<strong>de</strong>r à medida d<strong>os</strong><br />

seus <strong>de</strong>sej<strong>os</strong>. E em lugar <strong>de</strong> lhes perguntar amavelmente: Tu g<strong>os</strong>tas d<strong>os</strong><br />

portugueses? Ao que eles respon<strong>de</strong>riam que sim, R<strong>os</strong>s perguntou enérgica<br />

e autoritariamente, se eles não g<strong>os</strong>tavam d<strong>os</strong> portugueses — ao<br />

que eles, estou certo, respon<strong>de</strong>ram imediatamente que não.» Isto diz o<br />

america<strong>no</strong> Stail, mas mal sabe ele que, na forma <strong>de</strong> interrogar indígenas<br />

há cá muito «R<strong>os</strong>s» que <strong>os</strong> interrogam conforme as conveniências. Bem<br />

dizia o sábio inglês.<br />

Mas, pergunto eu agora, quem é o mártir <strong>no</strong> fim <strong>de</strong> tudo? Sempre o<br />

preto. Portanto, repito, querendo fazer-se justiça em assunt<strong>os</strong> on<strong>de</strong> haja<br />

que interrogar pret<strong>os</strong>, tem que haver imparcialida<strong>de</strong> e interrogar o preto<br />

legalmente, ou seja, fazer-se a tal justiça.<br />

Indivídu<strong>os</strong> há que abusam da ig<strong>no</strong>rância do preto e da sua fraqueza<br />

<strong>de</strong> raça, fazendo-lhes barbarida<strong>de</strong>s que, se as fizesse a europeus, bem<br />

caras lhe ficavam.<br />

Finalmente, direi que, para pôr termo a alguns crimes bárbar<strong>os</strong> que<br />

indígenas ainda hoje praticam, necessário é, <strong>sobre</strong>tudo, extinguir a oci<strong>os</strong>ida<strong>de</strong>;<br />

educar o preto; discipliná-lo e obrigá-lo ao trabalho, acabando <strong>de</strong><br />

vez com o tal voluntariado; e, ao mesmo tempo, protegê-l<strong>os</strong> n<strong>os</strong> seus direit<strong>os</strong><br />

contra alguns indivídu<strong>os</strong>, que, pelo facto do preto ser um ig<strong>no</strong>rante<br />

e <strong>de</strong> raça inferior, enten<strong>de</strong>m que se hão-<strong>de</strong> sujeitar a tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> caprich<strong>os</strong>,<br />

castig<strong>os</strong> bár bar<strong>os</strong>, espoliação, abus<strong>os</strong> e até trabalho gratuito. Muito mais<br />

po<strong>de</strong>ria dizer <strong>sobre</strong> este assunto, mas lembro-me sempre do R<strong>os</strong>s.<br />

E-BOOK CEAUP 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!