relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Francisco A. Lobo Pimentel<br />
<strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1910 <strong>de</strong>sembarcou em Lisboa, mas três meses <strong>de</strong>pois foi<br />
<strong>no</strong>vamente para Moçambique “por me e<strong>no</strong>jar o viver entre a socieda<strong>de</strong>”<br />
europeia com o seu materialismo 6 .<br />
Em 1911 foi amanuense nas Obras Públicas em Lourenço Marques,<br />
presenciando ali a revolta <strong>de</strong> uma companhia europeia 7 . Talvez tenha<br />
seguido neste mesmo a<strong>no</strong> para a Ilha do Ibo, <strong>no</strong> território da Companhia<br />
do Niassa, <strong>sobre</strong> a qual inclui algumas observações referentes à estrutura<br />
social. Aparece pouco <strong>de</strong>pois <strong>no</strong> interior, já como Chefe do P<strong>os</strong>to <strong>de</strong><br />
Amaramba, <strong>no</strong> Concelho do mesmo <strong>no</strong>me, que tinha a se<strong>de</strong> em Cuamba.<br />
Estava neste P<strong>os</strong>to em 1912, a partir do mês <strong>de</strong> Março. Foi este o a<strong>no</strong> da<br />
organização da coluna contra o Mataca (Mataka) 8 . Nas listas do pessoal<br />
em serviço publicadas <strong>no</strong> Boletim da Companhia do Niassa é sempre referido<br />
como Chefe <strong>de</strong> P<strong>os</strong>to do Lago Amaramba, mas parece ter servido<br />
ali apenas em 1912. Durante a maior parte <strong>de</strong> 1913 <strong>de</strong>ve ter actuado em<br />
Maúa (Mahua, Muwa), um outro P<strong>os</strong>to do mesmo “concelho”, on<strong>de</strong>, segundo<br />
o pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> distribuição do pessoal, <strong>de</strong>via estar colocado o enfermeiro<br />
<strong>de</strong> Cuamba, Porphyrio da Luz Alves 9 .<br />
Com 28 ou 29 an<strong>os</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, e com pouca inclinação e aptidão para<br />
controlar e disciplinar um sistema geral <strong>de</strong> administração colonial já implantado,<br />
Pimentel tem <strong>de</strong> superinten<strong>de</strong>r uma estrutura local <strong>de</strong> sipai<strong>os</strong><br />
chefiada por um cobrador <strong>de</strong> imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong>, o “Buanamussoco” 10 , que era talvez<br />
o “Cabo indígena Nachombe”, ou um súbdito ou familiar do régulo<br />
<strong>de</strong> Maúa. Estes faziam assalt<strong>os</strong> a casas roubando milho, enxadas, e ainda<br />
caravanas <strong>de</strong> comerciantes african<strong>os</strong>, etc., além <strong>de</strong> cobrar <strong>os</strong> imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong>. A<br />
capacida<strong>de</strong> d<strong>os</strong> African<strong>os</strong> locais para pagar imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> reduziu-se provavelmente<br />
em 1913 <strong>de</strong>vido a maus an<strong>os</strong> agrícolas e pelo facto <strong>de</strong>, em 1913, ter<br />
diminuído o recrutamento <strong>de</strong> trabalhadores para a África do Sul, don<strong>de</strong><br />
provinha muito do dinheiro para pagar o imp<strong>os</strong>to 11 . Mas a máquina <strong>de</strong> co-<br />
6 Vd. Cap. 31 do Relatório.<br />
7 Vd. Cap. 29 do Relatório.<br />
8 Boletim da Companhia do Niassa, p.1516 (30-3-1912), e pp. 1555, 1587, 1626, 1671, 1701 etc. até<br />
31-12-1913) e <strong>no</strong> Manuscrito <strong>de</strong> Pimentel, Cap. 40.<br />
9 Ibid. (O enfermeiro era p<strong>os</strong>sivelmente mais necessário em Cuamba, on<strong>de</strong> viviam <strong>os</strong> europeus <strong>de</strong><br />
mais prestígio).<br />
10 Buanamussoco (Bwana Musoko), “senhor do imp<strong>os</strong>to”, é um termo do swahili rudimentar que<br />
foi utilizado quase como língua franca na estrutura administrativa da Companhia do Niassa.<br />
11 Imp<strong>os</strong>ição da cessação <strong>de</strong> recrutamento a <strong>no</strong>rte do paralelo 22, e redução da procura para o<br />
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