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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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308<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

<strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1910 <strong>de</strong>sembarcou em Lisboa, mas três meses <strong>de</strong>pois foi<br />

<strong>no</strong>vamente para Moçambique “por me e<strong>no</strong>jar o viver entre a socieda<strong>de</strong>”<br />

europeia com o seu materialismo 6 .<br />

Em 1911 foi amanuense nas Obras Públicas em Lourenço Marques,<br />

presenciando ali a revolta <strong>de</strong> uma companhia europeia 7 . Talvez tenha<br />

seguido neste mesmo a<strong>no</strong> para a Ilha do Ibo, <strong>no</strong> território da Companhia<br />

do Niassa, <strong>sobre</strong> a qual inclui algumas observações referentes à estrutura<br />

social. Aparece pouco <strong>de</strong>pois <strong>no</strong> interior, já como Chefe do P<strong>os</strong>to <strong>de</strong><br />

Amaramba, <strong>no</strong> Concelho do mesmo <strong>no</strong>me, que tinha a se<strong>de</strong> em Cuamba.<br />

Estava neste P<strong>os</strong>to em 1912, a partir do mês <strong>de</strong> Março. Foi este o a<strong>no</strong> da<br />

organização da coluna contra o Mataca (Mataka) 8 . Nas listas do pessoal<br />

em serviço publicadas <strong>no</strong> Boletim da Companhia do Niassa é sempre referido<br />

como Chefe <strong>de</strong> P<strong>os</strong>to do Lago Amaramba, mas parece ter servido<br />

ali apenas em 1912. Durante a maior parte <strong>de</strong> 1913 <strong>de</strong>ve ter actuado em<br />

Maúa (Mahua, Muwa), um outro P<strong>os</strong>to do mesmo “concelho”, on<strong>de</strong>, segundo<br />

o pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> distribuição do pessoal, <strong>de</strong>via estar colocado o enfermeiro<br />

<strong>de</strong> Cuamba, Porphyrio da Luz Alves 9 .<br />

Com 28 ou 29 an<strong>os</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, e com pouca inclinação e aptidão para<br />

controlar e disciplinar um sistema geral <strong>de</strong> administração colonial já implantado,<br />

Pimentel tem <strong>de</strong> superinten<strong>de</strong>r uma estrutura local <strong>de</strong> sipai<strong>os</strong><br />

chefiada por um cobrador <strong>de</strong> imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong>, o “Buanamussoco” 10 , que era talvez<br />

o “Cabo indígena Nachombe”, ou um súbdito ou familiar do régulo<br />

<strong>de</strong> Maúa. Estes faziam assalt<strong>os</strong> a casas roubando milho, enxadas, e ainda<br />

caravanas <strong>de</strong> comerciantes african<strong>os</strong>, etc., além <strong>de</strong> cobrar <strong>os</strong> imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong>. A<br />

capacida<strong>de</strong> d<strong>os</strong> African<strong>os</strong> locais para pagar imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong> reduziu-se provavelmente<br />

em 1913 <strong>de</strong>vido a maus an<strong>os</strong> agrícolas e pelo facto <strong>de</strong>, em 1913, ter<br />

diminuído o recrutamento <strong>de</strong> trabalhadores para a África do Sul, don<strong>de</strong><br />

provinha muito do dinheiro para pagar o imp<strong>os</strong>to 11 . Mas a máquina <strong>de</strong> co-<br />

6 Vd. Cap. 31 do Relatório.<br />

7 Vd. Cap. 29 do Relatório.<br />

8 Boletim da Companhia do Niassa, p.1516 (30-3-1912), e pp. 1555, 1587, 1626, 1671, 1701 etc. até<br />

31-12-1913) e <strong>no</strong> Manuscrito <strong>de</strong> Pimentel, Cap. 40.<br />

9 Ibid. (O enfermeiro era p<strong>os</strong>sivelmente mais necessário em Cuamba, on<strong>de</strong> viviam <strong>os</strong> europeus <strong>de</strong><br />

mais prestígio).<br />

10 Buanamussoco (Bwana Musoko), “senhor do imp<strong>os</strong>to”, é um termo do swahili rudimentar que<br />

foi utilizado quase como língua franca na estrutura administrativa da Companhia do Niassa.<br />

11 Imp<strong>os</strong>ição da cessação <strong>de</strong> recrutamento a <strong>no</strong>rte do paralelo 22, e redução da procura para o<br />

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