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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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35.<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

ASTROS, CLIMA, METEOROS<br />

E METEOROLOGIA<br />

Não estou habilitado a informar cientificamente se o clima em Chinga<br />

é saudável; eu sempre me <strong>de</strong>i bem e se adoeci agora uma ou duas<br />

vezes foi por outr<strong>os</strong> motiv<strong>os</strong>, para que o clima em nada influiu; uma vez<br />

não foi mais que a continuação do estado anémico em que vim <strong>de</strong> Moçambique<br />

<strong>de</strong>vido a estar quase seis meses na situação <strong>de</strong> suspenso sem<br />

vencimento algum, passando imensas necessida<strong>de</strong>s; a segunda vez foi<br />

quando dirigia a construção <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> ponte na estrada Nampula-<br />

Ribàŭè, on<strong>de</strong> per<strong>no</strong>itava entre pret<strong>os</strong>, numa pequena palhota toda em<br />

capim e com uma fogueira à laia <strong>de</strong> preto, pois a Administração nem<br />

petróleo tinha para me fornecer. Os meus an te cessores, à excepção <strong>de</strong><br />

um que se lhe meteu em cabeça que estava tubercul<strong>os</strong>o, mas gordo que<br />

parecia um pote, <strong>os</strong> restantes creio que gozavam <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Sobre meteorologia, quase nada p<strong>os</strong>so dizer, por não haver estação<br />

meteo rológica, que seria conveniente haver, <strong>de</strong>vido à altitu<strong>de</strong> a que se<br />

encontra Chinga. No entanto informarei <strong>de</strong> que as chuvas são regulares<br />

e começam em fins <strong>de</strong> Novembro, acabando por completo em fins <strong>de</strong><br />

Junho. No a<strong>no</strong> findo caíram muitas chuvas torrenciais acompanhadas <strong>de</strong><br />

fortes vent<strong>os</strong>, geralmente <strong>de</strong> oeste, e formidáveis trovoadas. Em fins <strong>de</strong><br />

Junho-princípi<strong>os</strong> <strong>de</strong> Julho, as chuvas são muito poucas e começa a sentirse<br />

um frio intenso. Também tem havido a chamada «chuva <strong>de</strong> pedra».<br />

Os indígenas só conhecem o mau tempo pela aparição das nuvens,<br />

mécŭ [mèku], escuras. Dizem que <strong>os</strong> ciclones, alŭpŭre [anayúpuri],<br />

trovoadas, êtare [itari] 256 , chuva, êbrila 257 , e outr<strong>os</strong> fenómen<strong>os</strong> são provenientes<br />

<strong>de</strong> Deus que <strong>os</strong> manda. Chamam à lua mŭêre [mwéri], ao sol<br />

zŭa [nsuwa], às estrelas, tènèrê [ithenèri], à via-láctea ou estrada <strong>de</strong><br />

256 Série <strong>de</strong> trovões: “wòpa itari”, “okukuteeya muluku”.<br />

257 Palavra não i<strong>de</strong>ntificada. Outras <strong>de</strong>signações: “epula”, “mirupi”, “ekasikasi.<br />

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