relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />
há um meio: proibir o voluntariado ou permiti-lo dando a<strong>os</strong> voluntári<strong>os</strong><br />
as mesmas garantias e obrigações que a<strong>os</strong> compelid<strong>os</strong> com uma rigor<strong>os</strong>a<br />
fiscalização. Mais tar<strong>de</strong>, o preto compreen<strong>de</strong>rá que precisa trabalhar<br />
para se vestir e outras necessida<strong>de</strong>s, saindo da actual vida indolente que<br />
<strong>de</strong>sfruta e meio imundo em que vive, passando <strong>os</strong> dias sentado ao sol<br />
catando <strong>os</strong> seus companheir<strong>os</strong> inseparáveis, parasitas, etŭpô [etxupó].<br />
Admitindo mesmo como único, o trabalho compelido, necessário se<br />
torna que o fornecimento seja feito sem prejuízo para o europeu e para<br />
o in dígena, visto amb<strong>os</strong> serem agricultores e contribuírem com a sua<br />
quota-parte para a riqueza do Distrito. O indígena é proprietário? É-o<br />
por natureza e neste caso não é justo inibi-lo <strong>de</strong> tratar do que é seu e<br />
que, verda<strong>de</strong>iramente, lhe dá mais interesse. O europeu agricultor ou<br />
industrial é proprietário, e en tão precisa <strong>de</strong> braç<strong>os</strong> para <strong>de</strong>senvolver e<br />
valorizar a sua proprieda<strong>de</strong>; como pois resolver tão importante assunto<br />
sem prejuízo para ambas as partes em questão? Reduzir o trabalho<br />
compelido a um mês: só assim o indígena não é nem po<strong>de</strong> ser prejudicado,<br />
visto que trabalhando um mês ficam-lhe e teve, res peit<strong>os</strong>amente,<br />
<strong>os</strong> meses anteriores e p<strong>os</strong>teriores àquele e em qualquer mês do a<strong>no</strong> que<br />
vá trabalhar para outro, não o prejudica. Diz o agricultor: «o in dígena<br />
num mês não apren<strong>de</strong> coisa alguma». Mas apren<strong>de</strong>r o quê? O que é que o<br />
agricultor lhe ensina? A<strong>os</strong> tais voluntári<strong>os</strong> ensina-<strong>os</strong> a serem malandr<strong>os</strong>,<br />
vadi<strong>os</strong> e a <strong>de</strong>srespeitarem a autorida<strong>de</strong> (facto que se dá em M’Luli) e a<strong>os</strong><br />
compelid<strong>os</strong>, nada. Mesmo o funcionamento <strong>de</strong> compelid<strong>os</strong> po<strong>de</strong>ria e era<br />
conveniente fazer-se por zonas e haver um só funcionário encarregado<br />
do fornecimento <strong>de</strong> indígenas. Como se compreen<strong>de</strong> que havendo em<br />
Chinga dois agricultores, o P<strong>os</strong>to forneça gente para o Cruce e outr<strong>os</strong><br />
locais relativa mente distantes? O indígena tem muito prazer em ver <strong>de</strong><br />
vez em quando sua mulher e que esta se lembre <strong>de</strong>le, levando-lhe uma<br />
lembrança que geralmente é alimento, que ele não precisa, mas que recebe<br />
com imensa satis fação. Sobre este assunto, <strong>no</strong> entanto importante,<br />
muito diria se este pe que<strong>no</strong> <strong>relatório</strong> <strong>de</strong>sse espaço… Passo então a tratar<br />
da agricultura na acepção da palavra, embora não p<strong>os</strong>suir competência<br />
nem habilitações para a fundo tratar <strong>de</strong> tão importante ramo <strong>de</strong> activida<strong>de</strong><br />
humana; mesmo assim, alguma coisa direi, talvez errando, mas<br />
errar é d<strong>os</strong> homens.<br />
2008 E-BOOK CEAUP<br />
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