relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />
tura da cinza, étŭri 231 , e da água, máze [màsi ou màhi], chamam *macár.<br />
O pó do tabaco é muito bem misturado com este líquido, para ficar mais<br />
forte, e o caco é p<strong>os</strong>to ao fogo para o pó ficar seco; <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>itam-<strong>no</strong><br />
para <strong>de</strong>ntro duma caixinha <strong>de</strong> bambu, às vezes cheia <strong>de</strong> ornament<strong>os</strong>; a<br />
tampa <strong>de</strong>sta caixa é segura pela pressão do ar atm<strong>os</strong>férico actuando <strong>de</strong><br />
cima para baixo, porque a tampa (uma fina roda <strong>de</strong> bambu) é ajustada<br />
e colocada <strong>de</strong> forma que fica quase rarefeito o ar da caixa; na tampa<br />
está atado um fragmento <strong>de</strong> correia (pele <strong>de</strong> boi), por on<strong>de</strong> puxam para<br />
abrir. À caixa chamam *chicompê ou *chitendê (em Muite *carica). Para<br />
cheirar, agarram uma porção do pó, previamente <strong>de</strong>itado na palma da<br />
mão e bem remexido com a faca, com <strong>os</strong> <strong>de</strong>d<strong>os</strong> polegar e indicador e<br />
chegam a uma das ventas, outras seguram o pó entre a cabeça ou falangeta<br />
do <strong>de</strong>do polegar e falanginha do <strong>de</strong>do indicador, chegando <strong>os</strong> <strong>de</strong>d<strong>os</strong><br />
um pouco afastad<strong>os</strong> às ventas, <strong>de</strong> forma ao pó entrar nas duas ao mesmo<br />
tempo, mas respiram com tal força que produz certo barulho e às vezes<br />
um som semelhante a um trombone.<br />
O tabaco a alguns não produz impressão alguma, outr<strong>os</strong> espirram,<br />
ŭàchàmŭré [wàshamura], mas às vezes com força dupla à empregada<br />
para absorver o tabaco; vão sempre impingindo o pó nas ventas até se esgotar<br />
na palma da mão e, <strong>de</strong>pois, para não per<strong>de</strong>r uma única pitada, com<br />
a palma da mão, <strong>de</strong> baixo para cima, esfregam nas ventas, respirando<br />
ainda com mais força; às vezes acontece três ou quatro indígenas proce<strong>de</strong>rem<br />
à mesma operação, e então é ouvir aquela música interessante<br />
mas <strong>de</strong>veras <strong>de</strong>sagradável.<br />
Para mascar — Cortam um ou dois bocad<strong>os</strong> pequen<strong>os</strong> <strong>de</strong> tabaco e<br />
colocam-n<strong>os</strong> entre <strong>os</strong> <strong>de</strong>ntes e lábio inferiores; seguidamente sacam <strong>de</strong><br />
uma caixinha, on<strong>de</strong> têm uma massa feita <strong>de</strong> água e um pó branco <strong>de</strong><br />
uma concha cal cária que há na praia chamada *cŭlôto ou então, como<br />
em Chinga, outra cha mada *m’combe e tiram um bocadito que colocam<br />
também entre <strong>os</strong> <strong>de</strong>ntes e o lábio; dizem que fortalece o tabaco e <strong>de</strong>sinfecta<br />
a boca (acredito) e quando o tabaco, <strong>de</strong>ntro da boca, per<strong>de</strong>u a força<br />
por completo, <strong>de</strong>itam fora.<br />
Para o comércio — Formam rodas como representa a figura 20 da<br />
231 “Makári”, sem plural, é a cinza <strong>de</strong> cert<strong>os</strong> vegetais utilizada <strong>no</strong> fabrico do rapé.<br />
2008 E-BOOK CEAUP<br />
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