07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />

Como em Chinga só há ri<strong>os</strong> que não são muito larg<strong>os</strong>, mas alguns<br />

fund<strong>os</strong>, apenas fazem uso para a sua travessia em época das chuvas<br />

das casquinhas a que chamam nicŭla [nikula] e são feitas da casca das<br />

árvores próprias, como as chamadas m’pacàla [mpakala], *namecŭèli,<br />

m’rôto [mrottho] 248 e *na mepiri. Para fazerem a casquinha, cortam a<br />

machado o tronco da altura igual ao comprimento da casquinha que <strong>de</strong>sejam;<br />

feito isto, a machado também, dão um corte na casca, <strong>no</strong> sentido<br />

do comprimento e extraem-na; <strong>de</strong>pois põem-lhe fogo <strong>de</strong>ntro para a espalmar,<br />

planificando-a. Com o machado ou enxó, gastam nas extremida<strong>de</strong>s<br />

e estas, justap<strong>os</strong>tas e bem assentes, são c<strong>os</strong>idas com corda m’coi<br />

[mukhoi], para o que fazem burac<strong>os</strong> ou fur<strong>os</strong> com o bico <strong>de</strong> uma zagaia,<br />

*nàchicŭcia ou *cuávi.<br />

Seguidamente, colocam <strong>no</strong> sentido da largura e <strong>de</strong> borda a borda,<br />

bambus gr<strong>os</strong>s<strong>os</strong> que obrigam a casquinha a conservar-se aberta e ao<br />

mesmo tempo para o passageiro se sentar (fazem <strong>de</strong> bancadas). Navegam<br />

à cana ou vara (<strong>de</strong> bambu, a que chamam *m’cipi ou com um remo,<br />

nicàci [nikásya]. O marinheiro «piloto», quando faz uso da vara, coloca-se<br />

<strong>de</strong> pé na frente daquele engenho perig<strong>os</strong>o e, especando a vara <strong>no</strong><br />

fundo do rio, firma-se nela e obriga a casquinha a navegar; quando é<br />

levada à mercê da corrente, vai para a retaguarda e com o bambu <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> água vai guiando a casquinha; não tem leme e este é substituído pela<br />

própria vara e local on<strong>de</strong> o marinheiro «<strong>de</strong> água doce» se coloca. O remo<br />

é feito dum peque<strong>no</strong> bambu, tendo bem atado num extremo a meta<strong>de</strong> da<br />

casca dum fruto do embon<strong>de</strong>iro; fazem uso dum só remo, que é empunhado<br />

pelas duas mã<strong>os</strong> e ora rema à direita ora à esquerda. Se o rio tem<br />

248 Ou “murottho”, “murotxo” e “muruttu”. Árvore cujas flores e ma<strong>de</strong>ira são amarel<strong>os</strong>.<br />

NAVEGAÇÃO 33.<br />

2008 E-BOOK CEAUP<br />

219

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!