07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

184<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

ou roubo, se houve, <strong>de</strong>saparece n<strong>os</strong> car<strong>os</strong> fat<strong>os</strong> usad<strong>os</strong> pelo prevaricador.<br />

Geral mente o homem instruído é, por princípio, mo<strong>de</strong>sto e simples <strong>no</strong><br />

trajar. Fala muito naturalmente, salientando-se quando se torna necessário<br />

prevalecer o Di reito, irmão da Justiça, a Verda<strong>de</strong> e a Razão que ele<br />

não g<strong>os</strong>ta <strong>de</strong> ver espezinhad<strong>os</strong>. De resto, é comedido, recatado e mo<strong>de</strong>sto.<br />

Mas será por isto bem visto? Não é; muitas e a maioria das vezes,<br />

é criticado por esse facto. A socie da<strong>de</strong> actualmente julga as criaturas<br />

pela craveira do luxo; po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong> c<strong>os</strong>tumes <strong>de</strong>testáveis e tornar-se até<br />

<strong>no</strong>jento pela sua <strong>de</strong>testável fraseologia e «salamaleques» que quer fazer<br />

<strong>de</strong>centemente, mas não sabe porque «<strong>de</strong> pe que ni<strong>no</strong> se torce o pepi<strong>no</strong>»,<br />

mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se apresente com fat<strong>os</strong> <strong>de</strong> seda, meias da mesma fazenda;<br />

chapéus d<strong>os</strong> mais car<strong>os</strong>; etc., é cercado <strong>de</strong> mil atenções e vê à sua volta,<br />

a chamada alta socieda<strong>de</strong>; e o que é mais curi<strong>os</strong>o, é que estes indivídu<strong>os</strong><br />

sem educação nem princípi<strong>os</strong>, per<strong>de</strong>m por completo a vergonha.<br />

Não sou <strong>de</strong> opinião, e longe <strong>de</strong> mim tal i<strong>de</strong>ia, <strong>de</strong> que o homem se<br />

apresente in<strong>de</strong>centemente em público; mas, <strong>de</strong> in<strong>de</strong>cente a mo<strong>de</strong>sto vai<br />

muita diferença. Mas a socieda<strong>de</strong> chegou a este apuro, que fazer? Presentemente,<br />

o homem que se apresente com um fato da passada moda<br />

ou <strong>de</strong> baixo preço é a<strong>no</strong>tado e um tanto ou quanto atirado à margem,<br />

seja ele instruído e educado. O caso é que à sombra do luxo e d<strong>os</strong> «salamaleques»<br />

exagerad<strong>os</strong> <strong>de</strong> quem quer fazer-se muito educado, mas que<br />

não sabe, faz-se muita injustiça; vendo-se hoje homens instruíd<strong>os</strong> em<br />

situações mais ou men<strong>os</strong> subordinadas. É o caso: «quanto tens quanto<br />

vales; nada tens, nada vales».<br />

Pois eu serei d<strong>os</strong> últim<strong>os</strong> e com muita honra. Não é o luxo que a justiça<br />

<strong>de</strong> Deus julgará, mas sim as boas acções, a correcção e dignida<strong>de</strong>. Mas<br />

senhores, para quê tanto <strong>de</strong>sprezo? Para quê tanta injustiça se o fim do<br />

que hoje vive ricamente ou com aparência <strong>de</strong> tal, e do que mo<strong>de</strong>stamente<br />

se apre senta, há-<strong>de</strong> ser o mesmo? Sete palm<strong>os</strong> <strong>de</strong> terra que a tod<strong>os</strong> cobrirá<br />

sem diferença alguma, porque então tudo é pó e nada!!! Sou pobre,<br />

mas prezo -me em ser honrado, e já dizia Salomão, entre <strong>os</strong> seus velh<strong>os</strong><br />

ditad<strong>os</strong>: «Antes pobre mas honrado, do que rico e ladrão.»<br />

Como ia dizendo: o monhé é explorador e ladrão <strong>de</strong> tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> míngu<strong>os</strong><br />

«vinténs» que o preto auferir, mas creio que, da n<strong>os</strong>sa parte, há um<br />

certo <strong>de</strong>ver em lhe melhorar a situação. E como há-<strong>de</strong> ser? Fiscalizando e<br />

E-BOOK CEAUP 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!