07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />

as plantas, em Botânica, se divi<strong>de</strong>m em duas gran<strong>de</strong>s famílias: fanerogâmicas<br />

e criptogâmicas, etc., etc. Sem dúvida, em qualquer missão do<br />

homem, é bonito e próprio o terem-se cert<strong>os</strong> conheciment<strong>os</strong> e, confesso,<br />

conveniente seria colocar rapazes com conheciment<strong>os</strong>, como adjunt<strong>os</strong><br />

ou ajudantes d<strong>os</strong> actuais chefes <strong>de</strong> p<strong>os</strong>t<strong>os</strong> para então ficarem com <strong>os</strong> dois<br />

predicad<strong>os</strong>: política indígena e ilustração; é mesmo natural que, com o<br />

tempo, tal se consiga, mas «agarrar» num indivíduo com muit<strong>os</strong> curs<strong>os</strong><br />

mas que nunca pôs pé em África e <strong>no</strong> mato, não concordo. Habili tad<strong>os</strong>,<br />

sim senhor; mas com a prática precisa para lidar com pret<strong>os</strong> e não ten do<br />

feitio para lidar com indígenas e vindo com a mania <strong>de</strong> que estes são uns<br />

bich<strong>os</strong>, então é melhor mudar <strong>de</strong> ofício.<br />

Em resumo: é necessário que o europeu conheça a missão que vem<br />

<strong>de</strong>sempenhar.<br />

É pois a boa política que conserva o preto e o traz satisfeito; para tal,<br />

necessário é que o preto compreenda que o europeu não é o seu carrasco<br />

e «senhor» mas sim o protector pronto a protegê-lo <strong>de</strong> acções estranhas<br />

que o prejudiquem; zelar pelo seu bem-estar e interesses; mas infelizmente<br />

isto não é compreendido por tod<strong>os</strong> <strong>os</strong> que administram e lidam<br />

com o preto ou pelo seu espírito bárbaro ou por seu interesse, muit<strong>os</strong><br />

<strong>de</strong>stes indivídu<strong>os</strong> têm curs<strong>os</strong>; é o tal caso, e é <strong>de</strong> lamentar; estes homens<br />

consi<strong>de</strong>ram o preto um ente <strong>de</strong>sprezível, mas chegando-se a eles quando<br />

precisam, o que então é muito pior. O europeu vem da Metrópole e<br />

transita por Lourenço Marques (tal como eu em 1907); encontra-se com<br />

outr<strong>os</strong> europeus (a maioria nunca saiu <strong>de</strong> Lourenço Marques) e fica envenenado<br />

com as conversas <strong>sobre</strong> pret<strong>os</strong> e o mais interessante é que se<br />

convence que o preto é um bicho que só vai à pancada; chega a Moçambique<br />

e encontra-se com um ou outro indivíduo que precisa do preto,<br />

seja como for, querendo fazer <strong>de</strong>le um manequim, só em seu proveito, e<br />

então aconselha o europeu recém-vindo a dar «lambada» <strong>no</strong> preto, pois<br />

a não ser assim, dizem eles, «nada se faz»; e é assim que muito europeu,<br />

vindo da Metrópole, para <strong>de</strong>sempenhar carg<strong>os</strong> administrativ<strong>os</strong> por este<br />

vasto interior do Distrito, está convencido <strong>de</strong> que o preto só vai à «lambada»<br />

e então aplica-a <strong>de</strong>salmada e barbaramente e a maior parte das<br />

vezes injustamente por fazer fé num intérprete, preto também, mas o<br />

indivíduo mais perig<strong>os</strong>o e prejudicial para a boa administração e política<br />

2008 E-BOOK CEAUP<br />

15

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!